Indígenas protestam na frente do DSEI Manaus por atendimento diferenciado para indígenas em contexto urbano: pauta já é antiga. Foto: J.Rosha/Cimi Norte I

Com diversos indígenas apresentando febre, dores no peito, gripe e falta de apetite, os Tikuna da comunidade Wotchimaücü, localizada no bairro Cidade de Deus, na zona Leste de Manaus (AM), necessitam e pedem com urgência pela realização de testes rápidos para verificação de contágio pela Covid-19.

Segundo os indígenas, em fevereiro passado, antes das medidas restritivas adotadas pelos órgãos governamentais, eles teriam encaminhado solicitação pelos testes para a Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA), Secretaria Estadual da Saúde (Susam) e Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Manaus.

“Estamos de luto, em nossas casas descansando. Depois que perdemos o cacique na nossa comunidade estamos muito apreensivos”, diz Aginilson Araújo Peres, uma das lideranças da comunidade Wotchimaücü.

Na última terça-feira, 28, faleceu Aldenor Basque Félix, de 44 anos, professor e vice-cacique da localidade. “Antes do falecimento do professor Aldenor veio uma equipe para imunizar os idosos acima de 60 anos (vacina contra a gripe)”, diz Aginilson, acrescentando que eles querem imunização para todos.

“A gente pede ajuda e os órgãos governamentais não atendem. Estamos pedindo teste rápido para saber quem pode estar infectado. Até agora ninguém veio atender nossos pedidos, ninguém fez o teste aqui”, reclama

A comunidade Wotchimaucu abriga 45 famílias. Os Tikuna em Manaus somam 217 famílias catalogadas pelas lideranças locais e estão morando também no Parque das Tribos e Jurupari (bairro Tarumã, zona oeste de Manaus), e no bairro Parque 10, na zona centro-sul.

Aldenor Basque Félix era vice-cacique e professor na comunidade. Era da aldeia Filadélfia, em Benjamin Constant, e veio para Manaus há cerca de oito anos tendo retornado para sua aldeia depois de algum tempo. Há pouco mais de um ano, após se separar da esposa, voltou para Manaus e foi eleito vice-cacique da comunidade.

Ele estava morando sozinho, segundo Aginilson Peres. No início de abril, após a recomendação da quarentena, todos na comunidade adoeceram. “Ele precisava se alimentar bem, mas não tinha ninguém para cuidar dele conforme ele precisava. Por causa dos sintomas, ele já não estava aceitando a comida”, relata Aginilson. Há alguns dias passou a apresentar febre, dor de cabeça muito forte, gripe, dor no peito e falta de ar. No dia 28, o professor Aldenor faleceu na sua própria residência.

“Vamos continuar insistindo para que nos ajudem com testes rápidos para saber quem está doente ou não. Ninguém fez teste aqui”, afirma Aginilson Peres. Ele explica também que os moradores estão se tratando com remédios tradicionais, como chá de limão com alho, mel de abelha e gengibre, mas até esses produtos andam em falta na comunidade.

A Comunidade indígena Wotchimaücü foi fundada em 06 de junho de 2002 entre os Tikuna em diáspora dos municípios de Tabatinga e Benjamin Constant, e das aldeias Umariaçu II, Filadélfia, Porto Cordeirinho e Feijoal. Seu objetivo é “fortalecer a cultura, educação diferenciada, saúde diferenciada, formação política, fabricação de artesanatos, visando a melhoria da qualidade de vida do povo Tikuna dentro do contexto urbano”, conforme explica Aginilson Peres.

Por Assessoria de Comunicação – Cimi

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