Realizado no Campus da Universidade Federal do Pará, em Belém, de forma híbrida, com um grupo presencial de cerca de 200 pessoas e um grupo virtual, o “Encontro de Saberes Amazônia e Mudanças Climáticas” contará com a participação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM).
Esta é a primeira etapa de um processo do Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA), que se reunirá em Belém, em julho de 2022. O encontro, segundo o padre Dario Bossi, mediador do círculo sobre “Mudanças Climáticas e Defesa dos Territórios”, visa “mostrar ao mundo que os povos da região Pan-Amazônica têm uma voz muito clara a respeito do papel de liderança da Amazônia na manutenção do equilíbrio climático e da biodiversidade no mundo, e querem ser ouvidos em nível internacional”.
Segundo o assessor da REPAM, “há uma consciência de que a Amazônia está no momento mais crítico de sua existência, sobrevivência e possibilidades para o futuro”. Segundo o padre sinodal no Sínodo para a Amazônia, “o perigo é oferecer falsas soluções ou soluções de interesse na COP-26”. Neste sentido, ele afirma que existe “a convicção de que as primeiras pessoas que mais profundamente podem apontar o caminho para a preservação e restauração da floresta são os povos que nela vivem”.
O encontro busca um diálogo de saberes entre o conhecimento científico e o conhecimento dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, que nem sempre tiveram caminhos comuns, segundo o padre Bossi, mas que “estão mostrando muitas convergências nos últimos tempos e que podem inspirar e se complementar mutuamente”. As conclusões do encontro serão incluídas em uma carta que será lida durante a Assembleia Mundial da Amazônia em 9 de novembro, durante a COP-26, da qual o cardeal Pedro Barreto, presidente da REPAM, participará. A carta apresentará reivindicações na luta contra o desmatamento e pressão para o boicote dos produtos que são resultado do desmatamento.
Durante os quatro dias do encontro, 9 círculos de saberes serão realizados sobre diferentes temas, com um mediador e a presença de dois homens e duas mulheres, representando o conhecimento científico e ancestral. No dia da inauguração, o presidente da REPAM-Brasil, dom Erwin Kräutler, deve falar. O padre Bossi insiste que este é “um dos eventos mais significativos no Brasil e na Pan-Amazônia em vista da COP-26. É um evento que dá voz àqueles que de fato precisam ser fortemente ouvidos na COP-26”.
Não podemos esquecer que a Amazônia, a maior bacia hidrográfica e também a maior floresta tropical contínua do mundo, é o lar de mais de 300 povos indígenas diferentes, bem como de outros povos e comunidades tradicionais. É um bioma que, por sua capacidade de absorver carbono da atmosfera, regular a pluviosidade e a temperatura, é vital para o equilíbrio climático da Terra. Os ataques à floresta são, na prática, ataques à humanidade.
Um dos objetivos é envolver os detentores de conhecimentos tradicionais e científicos, assim como os povos e movimentos sociais da região Pan-Amazônica. O objetivo também é permitir um rico intercâmbio de conhecimentos e experiências para fortalecer a luta contra a globalização econômica, a violência, a falta de respeito aos direitos dos povos, a destruição da biodiversidade e o desequilíbrio climático. A importância da Amazônia para uma vida justa, equitativa e saudável também será destacada.
Fonte: Luis Miguel Modino via Vatican News