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*Por Audenice

Por décadas, a Amazônia tem sido palco de disputas territoriais, exploração ambiental e negligência governamental. No centro desse cenário desafiador, o projeto Mulheres Amazônidas emergem como protagonistas da resistência, impulsionando mudanças sociais, ambientais e econômicas em suas comunidades. No entanto, sua luta ainda é invisibilizada e subestimada.

As dificuldades enfrentadas por essas mulheres são imensas. O isolamento geográfico e a precariedade das infraestruturas dificultam o acesso a serviços básicos, como saúde, educação e assistência social. As longas distâncias e a dependência de meios de transporte controlados por homens tornam a locomoção um desafio adicional. Além disso, a ausência de políticas públicas eficazes agrava a vulnerabilidade econômica e social dessas comunidades.

O machismo estrutural também se apresenta como um grande obstáculo. Em muitas regiões, a mulher ainda é vista exclusivamente como cuidadora do lar, sem oportunidades para exercer autonomia econômica e política. No entanto, essa realidade vem sendo transformada por meio da organização coletiva e do fortalecimento de redes de apoio. Associações, coletivos e grupos comunitários têm sido fundamentais para capacitar mulheres e promover atividades que geram renda, como a produção de biojoias e artesanato sustentável.

A educação também desempenha um papel essencial nessa transformação. O acesso ao conhecimento permite que essas mulheres ampliem seus horizontes e compreendam seus direitos. Iniciativas de formação têm sido cruciais para capacitá-las em gestão de recursos, empreendedorismo e ativismo socioambiental, tornando-as vozes ativas na defesa de seus territórios e na conservação da floresta.

Aldenice
Créditos: arquivo pessoal

A presença feminina em espaços de decisão cresce, mas ainda é desproporcional ao impacto que essas mulheres exercem na sociedade. Em igrejas, escolas, associações e movimentos sociais, elas já assumem papéis de liderança, demonstrando que seu protagonismo é essencial para o futuro sustentável da Amazônia.

Para fortalecer essa luta, é necessário que os governos, as organizações e a sociedade civil ofereçam suporte efetivo. Investimentos em infraestrutura, acesso à internet, formação técnica e políticas de incentivo ao empreendedorismo são medidas urgentes para garantir que essas vozes sejam não apenas ouvidas, mas também respeitadas e apoiadas.

A resistência das Mulheres Amazônidas não se limita à denúncia das injustiças. Elas são agentes de transformação, moldando um futuro em que a floresta e seus povos coexistam em harmonia. Ao dar visibilidade a suas histórias e demandas, damos um passo essencial para uma Amazônia mais justa e sustentável para todos.

Aldenice é formada em Filosofia e pós-graduada em Docência no ensino superior e gestão. É gestora do IEAP – Instituto Educacional da Amazônia Pará – única escola de ensino médio que existe em toda a zona rural do município. Coordena o projeto guardiões ambiental ribeirinhos e atua nas pastorais sociais da igreja católica.

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