Lideranças dos povos indígenas Denni e Kanamari reuniram-se no Centro Pastoral da paróquia São Benedito, em Itamarati (AM), para um momento de escuta em vista do Sínodo para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco para outubro de 2019. Durante a roda de conversa, realizada em 13 de setembro, foi marcante o resgate do trabalho eclesial, por meio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). “Foi a Igreja Católica que salvou os povos indígenas do massacre, os missionários que morreram junto com os índios”, afirmou a estudante Daora Kanamari.
O encontro teve como objetivo proporcionar dialogo e escuta sobre as ações da Igreja junto aos povos indígenas. Foi resgatado o histórico da presença eclesial junto às tribos da região e indicadas as perspectivas sobre a atuação eclesial em suas aldeias e no contexto atual. Na partilha, os participantes pediram valorização de sua cultura e de sua religiosidade. Também destacaram a necessidade de continuar os processos de formação de lideranças, principalmente da juventude.
A intenção deste momento de escuta foi ressaltada por dom Fernando Barbosa dos Santos, bispo prelado de Tefé (AM), que desejou saber dos indígenas suas expectativas em relação à presença da Igreja junto aos povos, como processo de preparação para o Sínodo, convocado pelo papa Francisco. O secretário-executivo do regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), diácono Francisco Andrade, reforçou este chamado do papa lembrando de sua preocupação com os povos da Amazônia.
O indígena Manuel Pima Kanamari falou sobre os direitos conquistados através da Igreja e do CIMI, além da organização, cidadania e educação. Pima Kanamari ressaltou os grupos de jovens de sua etnia e a contribuição do Conselho Indigenista “para conhecer a luta e melhor entendimento sobre os direitos indígenas, meio ambiente, discutir mais ainda para melhorar”.
Umada Kuniva Deni fez um resgate histórico da organização de seu povo a partir da presença da Igreja e falou sobre sua identidade. “Nossa igreja é diferenciada, nossa espiritualidade, nossa religião, temos nosso momento de oração. Temos saúde e educação, estamos valorizando através de nossa organização, somos bilíngues, estudando língua do indígena”, partilhou.
Foram feitos vários apontamentos e pedidos dos participantes nesta roda de conversa. Materiais bilíngues, como a própria Bíblia na língua indígena, para melhor entendimento e valorização da cultura dos povos tradicionais; continuidade da formação e da presença do CIMI, fomentando a atuação comunitária; manutenção dos costumes culturais dos povos; e o resgate da história de cada povo para registrar e ensinar aos mais jovens.
Dom Fernando e Francisco Andrade agradeceram pelo momento e a importância dos povos indígenas continuarem a sua caminhada, defendendo seus direitos, além da acolhida e da importância desse momento.
Para os participantes, o momento de diálogo foi importante para fortalecer os trabalhos junto aos povos indígenas, além de ouvir, escutar os clamores e os desejos “desses povos que ainda sofrem por um sistema que discrimina e impõe um modo de vida que vai contra seu modo tradicional”.
Promoveram a roda de conversa a Cáritas e o CIMI de Tefé.