A mensagem para o Dia Mundial da Água expressa pelo assessor da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil, Roberto Malvezzi, o Gogó, é que “a ecologia integral exige de nós uma nova cultura da água”. Em entrevista ao padre jesuíta Paulo Tadeu Barausse, publicada no IHU, na última quarta-feira, Gogó ressaltou a necessidade de conversão para mudar a “realidade trágica que aguarda a humanidade”.
O assessor da REPAM-Brasil apontou como decisiva a necessidade de serem oferecidas à região Amazônica políticas públicas para garantir a preservação do bioma, que é responsável pelos chamados “rios voadores”.
“Sem Amazônia para gerar esses rios voadores, sem o Cerrado para armazenar essas águas e depois distribuir para todo o território brasileiro, toda região Sudeste do Brasil, incluindo norte da Argentina e Paraguai, se transformam em um deserto. A cegueira político-econômica é tamanha que podem matar, literalmente, nossa galinha das águas de ouro. Daí a importância da ecologia integral para a Amazônia, como quer o Papa Francisco. Eu sempre brinco que Francisco quer o cuidado com a Amazônia porque ele sabe que, sem ela, não tem chuva em Buenos Aires”, disse Malvezzi.
Outro destaque da entrevista é a preocupação com a privatização da água, que pode comprometer políticas públicas de décadas implementadas no Brasil e representar uma séria violação de um direito humano fundamental: “Com a transformação da água em mercadoria, com sua privatização, somos obrigados a lutar pela água como um direito humano e de todos os seres vivos”.