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O mês de junho, que marca a celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente, é também um momento de reflexão e ação para a Igreja Católica no Brasil, por meio da campanha Junho Verde. O objetivo desta iniciativa é fomentar uma maior conscientização ambiental, incentivando práticas de cuidado com a “Casa Comum”, em sintonia com os ensinamentos do magistério da Igreja e os desafios contemporâneos da crise climática. 

Em entrevista exclusiva, o Padre Dário Bossi, missionário comboniano e assessor da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam Brasil), compartilhou sua visão sobre a importância do Junho Verde e o papel da Igreja neste movimento de transformação social e ambiental. Ele destaca que o Junho Verde é uma oportunidade para a Igreja dialogar com diversos setores da sociedade, como escolas, universidades, organizações governamentais e movimentos sociais, com o intuito de construir uma consciência ambiental mais sólida. “O Junho Verde é exatamente essa oportunidade de colocar a Igreja em diálogo com a sociedade civil e as instituições do mundo da política, do mundo acadêmico, do mundo da educação pública”, afirma Padre Dário. 

A campanha, que foi originada por um projeto de lei da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), visa reforçar o compromisso da Igreja com a educação ambiental, um tema que é constantemente abordado por diversos papas, especialmente o Papa Francisco. “A Igreja tem feito o seu papel de educadora, com o magistério social e através das práticas cotidianas, como o trabalho de catequistas que em todo Brasil falam sobre a criação e a responsabilidade de cuidar da Terra, conforme nos ensina o Gênesis”, complementa o padre. 

Para ele, é fundamental que a Igreja inspire seus fiéis a adotar práticas ambientais em seu cotidiano. “Além da dimensão institucional do magistério, a Igreja também tem um papel pedagógico diário. A catequese e as pastorais sociais já têm integrado esse compromisso com a ecologia integral, e a Campanha da Fraternidade deste ano trouxe à tona a necessidade de uma visão ambiental abrangente”, afirma. A ecologia integral, um conceito central na encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, propõe uma abordagem que interconecta a justiça social e ambiental, tratando o cuidado com a Terra como uma questão moral e espiritual. 

Quando questionado sobre como a Igreja pode colaborar com outros setores da sociedade, Padre Dário enfatizou a importância da união entre diferentes forças. “A Igreja tem sua missão específica, mas outros setores também têm seu papel. A Igreja não pode atuar sozinha; precisa dialogar com escolas, governos e organizações. Por exemplo, nas escolas, é importante promover jornadas de debate sobre o compromisso das religiões no cuidado da casa comum”, sugere o padre. Além disso, ele reforça a ação da Igreja no campo político, com sua postura crítica e propositiva, especialmente quando se trata de legislações que possam prejudicar o meio ambiente. 

Padre Dário também abordou os desafios enfrentados para implementar ações ambientais nas paróquias e nas comunidades católicas. “É necessário começar de forma simples, com ações concretas, como a redução do consumo de água e energia nas paróquias, a eliminação do desperdício e a implementação de soluções sustentáveis no dia a dia das comunidades”, afirmou. Segundo ele, práticas simples, como o uso consciente de recursos e a gestão responsável dos resíduos, podem fazer uma grande diferença na conscientização ambiental dentro da Igreja. 

Em relação à pergunta sobre a relação entre fé e ecologia, Padre Dário reflete: “Cuidar do meio ambiente é, sem dúvida, um ato de fé. Não podemos separar a nossa fé da responsabilidade de cuidar de tudo o que Deus nos confiou. A salvação nunca é individual; ela é comunitária e holística, envolvendo todas as criaturas de Deus.” Para o padre, a Igreja tem a missão de educar seus fiéis a integrar a fé com o compromisso de preservação ambiental, reforçando que a natureza não está em oposição à espiritualidade, mas faz parte do plano divino. 

No contexto da Repam, Padre Dário reforçou que a organização tem desempenhado um papel crucial na promoção do Junho Verde, especialmente na Amazônia, onde a luta pela preservação ambiental é ainda mais urgente. “A Repam tem se dedicado à educação popular e à comunicação nas comunidades, trabalhando para que o cuidado com a casa comum se torne uma prática cotidiana em todos os biomas do Brasil”, conclui. 

Para vivenciar plenamente o Junho Verde, o padre faz um apelo à criatividade e ao compromisso de cada pessoa, seja catequista, educador, líder comunitário ou simples cidadão. “Se você é um catequista, fale do Junho Verde na catequese. Se você é um professor, fale disso em sua escola. Se você tem um papel em um conselho de meio ambiente, fale do Junho Verde. Cada gesto de compromisso aproxima a Igreja da sociedade e fortalece nossa missão de ser uma Igreja samaritana”, conclui com esperança. 

Junho Verde é, assim, mais do que uma campanha; é um convite à reflexão e à ação, onde fé e cuidado com o meio ambiente caminham lado a lado, inspirando uma mudança real na forma como vivemos e cuidamos do nosso planeta. 

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