A importância do laicato na Igreja da Amazônia é decisiva. São muitos os homens e mulheres que tem se tornado presença eclesial na vida do povo, nas comunidades ribeirinhas, indígenas, nas periferias das cidades, sendo catequistas e assumindo diferentes ministérios e serviços.
Na Prelazia de Tefé não é diferente, trata-se de uma Igreja de comunidades, que ao longo dos anos tem se organizado para ser presença evangelizadora na região do Meio Solimões. Nos últimos dias, a Prelazia de Tefé tem realizado o Encontro de Pastoral, dividido em grupos, dada a pandemia da Covid-19 que impede reunir grande número de pessoas.
Neste sábado, os leigos e leigas da Prelazia se encontraram para refletir sobre as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Sinodalidade, as CEBs e a Escola de Formação, pontos abordados na quinta-feira pelo clero e a vida religiosa. Junto com isso abordaram questões próprias da organização do laicato em nível de Prelazia.
Em referência às Diretrizes Gerais da CNBB, refletindo sobre a imagem da casa, presente no documento dos bispos do Brasil, Jorge Luiz Pinto, diz que “eu considero muito o envolvimento da família”. Segundo ele, “quando se pensa na casa, se pensa na família, pensando na família se pensa no contexto sagrado, e construir as diretrizes da Igreja a partir desse contexto da casa, da família, é construir um caminho levando em conta as vocações familiares”.
Ele, que é ministro da Palavra na paróquia de Santo Antônio de e coordenador do Conselho de Leigos, destaca que no seu ponto de vista, “isso para Igreja é o essencial, construir as diretrizes da Igreja de dentro para fora. Essa Igreja em saída que o Papa fala, mas não só em saída para outros lugares, mas buscar de fato outras vocações que estão permeando a vida”.
Para viver a sinodalidade, caminhar juntos como Igreja, uma das dificuldades é encontrar lideranças, “pessoas que estejam dispostas ao serviço das pastorais, desde a gratuidade para nossa missão como leigos”, segundo Oneide Lima de Castro. Ela, que faz parte da paróquia de Alvarães fala sobre a realidade das comunidades ribeirinhas, onde “a gente sente muitas vezes as dificuldades financeiras”. Segundo ela, “nossa paróquia não dispõe de recursos financeiros para chegar nessas comunidades, que são longínquas”, dificuldades que aumentam no tempo da seca, em que as despesas são maiores.
Ela resume as dificuldades, na zona urbana, na questão das lideranças, “nós temos poucas pessoas para fazer esse trabalho da Igreja em saída, esse caminhar junto, ter mais pessoas dispostas a caminhar junto”. Oneide destaca que mesmo diante das dificuldades a Igreja se empenha em incentivar esse caminho, insistindo na importância do encontro como momento em que “eu posso me aprofundar nos documentos e ir cativando as pessoas para exercer um trabalho que possa ser mais produtivo na comunidade, dentro da paróquia”.
Já Antônio Nascimento reflete sobre uma dificuldade presente na Prelazia de Tefé, que segundo ele “é a invisibilidade do papel do leigo. Às vezes a gente não se percebe enquanto leigo dentro da própria Igreja, nos seus serviços ministeriais”. Segundo ele, “é muito mais fácil você se significar como coordenador de pastoral, da catequese, da Pastoral da Saúde ou uma outra pastoral, mas essa identidade do leigo, a gente sente essa dificuldade”. Ele, que faz parte da coordenação do laicato, destaca a necessidade de “um trabalho de formação que o leigo possa perceber seu papel, seu ministério enquanto membro da Igreja laical”.
“A Igreja, ela tem um traço muito forte do leigo e da leiga”, segundo Antônio, da comunidade São João Batista, na paróquia de Bom Jesus de Tefé. Ele insiste na necessidade de formação “para melhorar o serviço do laicato, um trabalho de vivência, de caminhada, de convivência em família, a gente não perder nossas raízes como cristãos”.
Fonte: Luis Miguel Modino/ Comunicação Regional CNBB N1