NotíciaFoto: Daniela Pantoja

Bloqueio da rodovia PA-370 em Santarém teve objetivo de chamar atenção para a preservação do território sagrado e impedir exploração da área por empreendimentos privados

Por Daniela Pantoja

Foi através de faixas expressivas, cantos indígenas, falas de manifesto que lideranças comunitárias Borari de Alter do Chão, participaram nesta segunda-feira (11/10) de um ato pacífico, no qual bloquearam um trecho da rodovia PA-370, em frente à Escola da Floresta, localizada na comunidade Caranazal, na Área de Proteção Ambiental Alter do Chão (APA Alter do Chão), em Santarém.

Foto: Samara Borari

Foto: Samara Borari

O bloqueio reuniu cerca de 60 pessoas, entre membros da comunidade e apoiadores com o objetivo de alertar para a urgência de proteger o território ancestral Borari e impedir a destruição do espaço, que serve tanto à educação ambiental quanto à preservação das tradições culturais e espirituais do povo indígena.

A Escola da Floresta funcionava desde 2008, como um exemplo de educação ambiental na região e fica localizada na Avenida Everaldo Martins, com uma área de 33 hectares de floresta secundária, com fundos para o Lago Verde, a área era gerida pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS).

Imagem: Egry Maia

Imagem: Egry Maia

A especulação imobiliária tem avançado no território, entre eles, o espaço da Escola da Floresta. De acordo com os moradores, o local foi negociado com o mesmo grupo que construiu um prédio de 9 andares em Alter do Chão.

Osmar Vieira, Lider Comunitário Borari, destaca que o objetivo da manifestação é justamente reivindicar para que os direitos dos povos indígenas e não indígenas sejam preservados, pois ações da especulação imobiliária tem afetado fortemente o território, inclusive na última semana foi derrubada uma árvore centenária do local.

A especulação imobiliária tem devastado as nossas florestas, e os rios estão sendo atingidos e nessas últimas semanas foi arrancada da beira da praia, uma árvore centenária, Caraipé. Essa árvore é para gente muito sagrada, e além de ser sagrada muitas decisões da vila foram tomadas debaixo dessa árvore. Então nós vimos um trator invadir a praia destruindo nossos direitos, as praias a qual nós nascemos estão sendo privatizadas, e sendo que Alter do Chão é um território indígena Borari.  E onde estão acontecendo as construções é uma área de proteção ambiental (APA) e a gente está reivindicando”, finalizou.

Por volta de 12h30, uma parte da rodovia PA-370 foi liberada para o fluxo de veículos, e algumas lideranças se dirigiram para Santarém para marcar uma audiência com o Ministério Público Federal e demais órgãos competentes, em busca de providências.

Sobre a Escola da Floresta, Ceila Lobato Borari, reforça que o local era uma referência para os demais municípios da região relacionado as questões ambientais, no entanto a área foi vendida e as atividade foram transferidas para outro lugar.

A Escola da Floresta antes funcionava como um centro receptivo para todas as escolas da área daqui do município de Santarém tanto para universidades e os outros municípios que faziam visitação para pesquisa relacionadas as questões ambientais. Só que aí eu ainda não sei explicar o propósito da venda dessa área que foi recentemente vendida e desativada daqui, foi destinada a uma área dentro de um outro espaço de uma escola aqui município. Esse grupo que comprou reuniu com a comunidade dizendo que eles iriam manter e preservar o local, só que não é isso que a gente está vendo”, destacou.

Além do bloqueio da rodovia, desde o último final de semana, a comunidade Borari organizou um acampamento no local com o levante de faixas, mensagens de protesto e palavras de ordem escritas na areia da praia do Lago Verde, chamando atenção para a urgência da preservação do território.

Por Daniela Pantoja

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