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De 2 a 5 de junho de 2025, lideranças indígenas de nove países da Bacia Amazônica se reunirão em Brasília para a Pré-COP Indígena. Este encontro será crucial para consolidar a agenda comum dos povos indígenas no enfrentamento das mudanças climáticas e marcar o lançamento da primeira Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) indígena, uma proposta inédita que integra as visões e soluções dos povos indígenas para o enfrentamento da crise climática global.

A Pré-COP Indígena será um marco na luta climática global, com a presença de lideranças como Toya Manchineri, coordenador geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). Durante o evento, será discutido o papel central dos territórios indígenas, que oferecem soluções reais e eficazes para a mitigação e adaptação climática. O lançamento da NDC indígena será apresentado na Conferência de Clima de Bonn, em junho, e na COP30, em Belém, no final do ano.

Toya Manchineri enfatiza a urgência do momento: “Estamos diante do colapso climático e da destruição dos nossos territórios. A NDC Indígena é uma resposta coletiva ao sistema que insiste em ignorar quem protege a floresta há milênios. A Amazônia está no limite do ponto de não retorno”.

O evento ocorre em um contexto de crescentes ameaças aos territórios indígenas, incluindo a aprovação do “PL da Devastação” no Senado, que facilita a exploração ilegal de recursos em terras indígenas e enfraquece a proteção territorial. As lideranças indígenas reafirmam sua resistência firme contra esses retrocessos e exigem o reconhecimento de suas terras como políticas climáticas estratégicas, com metas claras e financiamento direto.

A Pré-COP Indígena também representa um momento histórico para o reconhecimento do protagonismo indígena na construção de soluções climáticas. Patricia Suarez, da Organização Nacional dos Povos Indígenas da Amazônia Colombiana (OPIAC), destaca: “Não estamos aqui apenas para sermos ouvidos – exigimos ser reconhecidos como protagonistas na construção de soluções climáticas efetivas. Nossos territórios, nossos conhecimentos e nossas formas próprias de governança são fundamentais para enfrentar a crise climática global.”

Sobre a importância do evento, Melillo Dinis, articulador político da REPAM, destaca: “Os povos indígenas, que estão reunidos em Brasília de 2 a 5 de junho, articulam-se para uma proposta inédita de contribuição climática construída a partir de suas visões, experiências e soluções. A iniciativa é liderada pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e conta com o apoio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da coalizão internacional G9 da Amazônia Indígena. O documento será apresentado na Conferência de Clima de Bonn, em junho, e na COP30, que acontecerá em novembro, em Belém (PA). É um importante momento de fortalecimento da luta e de participação dos muitos povos em torno da Casa Comum e do protagonismo indígena”.

Melillo também ressalta que o evento é conduzido de forma autônoma pelos povos indígenas: “É um evento indígena, organizado por eles e protagonizado por eles. Alguns poucos foram convidados, dentre os quais eu. Mas não creio que deva ser dado destaque a um não indígena na cobertura da REPAM. Destaquem a turma que merece”.

A REPAM-Brasil reafirma seu compromisso com o fortalecimento da luta indígena e com o reconhecimento do protagonismo dos povos indígenas nas discussões globais sobre a crise climática, especialmente na COP30, onde os povos indígenas devem ocupar posições de liderança nos espaços de negociação e decisão.

O momento é decisivo. A luta dos povos indígenas é a luta pela sobrevivência do planeta e pela preservação da Casa Comum.

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