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Na região do Alto Solimões, lideranças indígenas das etnias Tikuna e Kokama reuniram-se na aldeia de Belém do Solimões para discutir os desafios que afetam suas comunidades. Durante o encontro, caciques e cacicas relataram preocupações crescentes sobre a poluição da água e os impactos das mudanças climáticas, que podem estar relacionadas a crimes ambientais na região.

Diante da contaminação do rio Solimões, algumas medidas alternativas foram apresentadas para o tratamento da água. A Kozama demonstrou o uso da semente de Moringa como um purificador natural. O processo consiste em amassar os caroços, passá-los por uma peneira e misturá-los à água para reduzir sua turbidez. Com essa técnica, é possível realizar uma filtração simples e aplicar desinfecção solar ou com hipoclorito, melhorando as condições de consumo de água em comunidades isoladas.

Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) ensinaram maneiras de reutilizar materiais descartáveis com elementos tradicionais das aldeias para evitar desperdício e preservar a natureza. Entre as práticas desenvolvidas está o uso de fibras de tucum e sementes de açaí na confecção de produtos biodegradáveis e artesanato, reduzindo o descarte inadequado de resíduos e incentivando soluções sustentáveis.

A qualidade da educação diferenciada indígena também foi tema central das discussões. Membros da Organização Geral dos Professores Tikuna Bilíngue cobraram melhorias na infraestrutura escolar e a construção de creches nas aldeias dos sete municípios da região. Atualmente, está em andamento a construção de uma creche com dez salas de aula e a ampliação da Escola Evarimoatia, que passará de 13 para 33 salas, além da reforma da quadra coberta.

A Luta por Direitos e a Busca por Apoio

As lideranças indígenas reafirmaram a necessidade de apoio dos governos estadual e federal para solucionar problemas urgentes. Um documento com todas as reivindicações será enviado às instituições responsáveis, destacando a gravidade da crise hídrica e ambiental na região. Além disso, foi ressaltada a urgência de medidas para coibir invasões territoriais, o avanço do narcotráfico, o garimpo ilegal e a extração indevida de madeira em territórios indígenas.

O frei Paolo, coordenador da assembleia e membro da REPAM, reforçou a importância de soluções concretas: “Então, estamos buscando soluções pessoais, que cada indígena possa tomar uma atitude de vida nova em relação à água e à natureza, mas também comunitária, como comunidade indígena e principalmente com a ajuda do governo. Sabemos que existem algumas ações em curso, mas que elas acabam sendo insuficientes para a região como um todo, por ser faixa de fronteira.”

O encontro reafirmou o compromisso das comunidades indígenas com a defesa de seus territórios e o bem-estar de suas populações. Agora, resta a esperança de que as reivindicações sejam atendidas e que políticas efetivas sejam implementadas para garantir um futuro mais digno e sustentável para as aldeias do Alto Solimões.

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