“Nesta segunda-feira, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, agricultores, universitários e ativistas manifestaram em Macha Pelo Clima cobrando ações efetivas dos governos”
Por Daniela Pantoja
Com cartazes, faixas ilustrativas e palavras de ordem e de denúncias representantes de organizações da sociedade civil de Santarém, incluindo indígenas, ribeirinhos, quilombolas, agricultores, universitários e ativistas participaram nesta segunda-feira (02) da ‘Marcha pelo Clima’ cobrando medidas emergenciais para reduzir os impactos da crise climática na região.
Articulado Pela Frente Pelo Clima composto por diversos movimentos sociais, ambientalistas e organizações locais a manifestação levou em conta a situação climática do Oeste do Pará. Segundo o monitoramento atmosférico, Santarém está na lista das cidades com a qualidade do ar mais baixa do mundo.
De acordo com padre José Boeing, Coordenador da Associação Defesa Direitos Humanos e Meio ambiente na Amazônia e da VIVAT Internacional, e membro do núcleo Direitos Humanos da Rede Eclesial Pan Amazônica/ REPAM-Brasil, a marcha pelo clima demonstrou que o povo está cansado de assistir que nenhuma medida imediata tem sido feita pelo poder público, somente agora com dois meses de queimadas, que o prefeito decretou ação imediata. “Esse ato demonstrou que o povo está cansado de assistir que nenhuma medida imediata do poder público foi feita. Agora quando nós já estamos a mais de dois meses de queimada, o prefeito decreta uma ação imediata, a câmara fez audiência pública, o governador vem com umas medidas paliativa de trazer caminhões de corpo de bombeiro, mas a gente sabe que a Brigada Voluntária de Alter do chão tem feito tanta coisa, e o que nós queremos é postura política ação imediata”, pontou Boeing.
O mesmo sentimento de indignação é reforçado por Raquel Tupinambá, coordenadora do Conselho Indígena Tupinambá do Baixo Tapajós, ela relata que é necessário que os governantes desenhem políticas públicas de adaptação para enfrentar essa situação. “Essa caminhada tem esse propósito de chamar atenção dos governantes para essa situação. Estamos vivenciando algo que tudo indica vai ser cada vez mais frequente. Então os governantes precisam desenhar políticas públicas de adaptação para que a população possa enfrentar com dignidade e com respeito pela vida essa situação. É importante que o poder público esteja trabalhando para minimizar os impactos da emergência climática, e no caso hoje das queimadas”, ressaltou Raquel.
Para além dos impactos ambientais, a fumaça tem afetado fortemente a saúde da população.
Entre os meses de setembro à (novembro) de 2024, os serviços de saúde de Santarém registraram 6.272 atendimentos relacionados a sintomas respiratórios. Desse total, 5.180 atendimentos ocorreram na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 Horas e 1.092 nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Os sintomas incluem tosse, febre, congestão nasal, dor de cabeça, coriza, dor de garganta, dor muscular, fadiga e falta de ar.
Diante dessa realidade, Marilene Rodrigues Rocha, vice-coordenadora da Associação de Mulheres Trabalhadora Rural de Santarém (AMTR) ressalta que é necessário ir às ruas em manifesto para que ações sejam feitas para defender os territórios e assim evitem que as pessoas adoeçam por conta da fumaça. “Nós somos prejudicados com esse clima, com essa fumaça que está muito forte aqui na nossa região. Então a gente se pede socorro, estamos gritando para que o poder público olhe com mais carinho para nossa região, porque nós sabemos, eu principalmente estou com medo de estar aqui porque eu sei o que já passei durante o momento difícil na pandemia, no qual tive problema de saúde no pulmão. Então eu não estou pedindo socorro só para mim, mas pra toda população”.
A partir do ato, uma das ações da Frente pelo Clima, é enviar uma carta escrita e assinada por mais de cento e três organizações de Santarém e de outros municípios aos representantes do governo federal cobrando medidas emergenciais e estruturais, de curto, médio e longo prazos para o enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas na região.
Além disso, solicitam ainda que Ministra do meio ambiente Marina Silva e o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes possam acompanhar mais de perto a situação, caso nada seja efetivado, a Frente pelo Clima deve se organizar e ocupar algum órgão público de Santarém, como pontua Darlon Neres, da coordenação da Frente Pelo Clima e representante do Coletivo dos Guardiões do Bem Viver. “Se nada for feito, essa frente deve se organizar ainda essa semana para ocupar algum órgão público aqui de Santarém, também solicitamos que a Ministra do Meio Ambiente Mariana Silva possa vir a Santarém junto com o ministro Walder Goés para eles poderem ver de perto o que está acontecendo. A Marca Pelo Clima foi a primeira ação da frente, mas a gente vai se organizar em outras ações”, pontua Darlon Neres
Aproximadamente trezentas pessoas de organizações, movimentos sociais, instituições de ensino, comunidades e ativistas ambientais participaram da Marcha Pelo Clima em Santarém, no Oeste do Pará.