Nos dias 24 e 25 de julho, duas missas de ação de graça pela vida e missão do padre Ezequiel Ramin foram celebradas na diocese de Ji-Paraná (RO). A do dia 24 foi realizada em Cacoal (RO) e a do dia 25 em Rondolândia (RO), onde Ezequiel foi executado.

“Fizemos memória e reavivamos o compromisso da Igreja local unida as muitas comunidades do Brasil inteiro que lembram, celebram, renovam e recordam o compromisso martirial de Ezequiel por vida plena, terra, teto, trabalho e por uma natureza que tenha a floresta em pé e abundância e partilha para todos”, disse o padre Dário Bossi, coordenador dos missionários combonianos no Brasil.

As missas em memória dos 36 anos da morte do “mártir da terra e do sonho de Deus” foram celebradas pelo bispo de Ji-Paraná, dom Norberto Foerster, e o padre Dário Bossi, coordenador provincial dos missionários combonianos no Brasil.

Para padre Dário Bossi celebrar a memória do padre Ezequiel significa – junto com o Papa Francisco e com a Igreja da Pan-Amazônia -, escutar o grito da terra e o grito dos pobres. “Devemos com esse compromisso de Ezequiel, com os mais pobres, renovar essa aliança entre os povos da terra e a criação assim como o Papa Francisco – na Laudato Si  – nos pede”, disse.

 

História

Padre Ezequiel, missionário comboniano, nasceu em Pádua, na Itália, em 1953 e chegou ao Brasil em 1983, na diocese de Ji Paraná. Na região, encontrou uma acentuada situação de desigualdade social decorrente da ausência de reforma agrária e uso da violência pelos grandes latifundiários, que grilavam terras para ampliar suas propriedades. O padre colocou-se então ao lado dos indígenas e pequenos trabalhadores rurais na luta pelo direito à terra, ao trabalho e à vida digna.

No dia 24 de julho de 1985, Ezequiel foi brutalmente assassinado quando voltava de uma missão de paz na Fazenda Catuva. Na companhia do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cacoal, ele havia ido falar com colonos ameaçados de despejo para que não partissem para o conflito. Enquanto voltava para casa, o carro em que viajava foi almejado de tiros.

Já dom Norberto, também em áudio, disse acreditar que o padre Ezequiel já há quase 40 anos teve o mesmo sonho eclesial do Papa Francisco, expresso na Laudato Si.

“Ele quis cuidar das raízes dos povos da Amazônia. Defendia os pequenos agricultores que fazem agricultura familiar sem agrotóxicos e o seu sonho eclesial era de pequenas comunidades dos pobres e humildes. Padre Ezequiel continua vivo no tempo de hoje e continua vivo nessa Exortação Sinodal do Papa Francisco – a Laudato Si”.

O legado – Dom Roque Palosqui, arcebispo de Porto Velho (RO), falou sobre o legado do padre Ezequiel para a Igreja na Amazônia. “Ele abraçou aquilo que o Episcopado Latino Americano havia constatado em Medellín: a Igreja não podia ficar indiferente frente as injustiças sociais existentes na América Latina, que mantém os nossos povos numa dolorosa pobreza que em muitos casos chega a ser miséria humana”, disse.

“O padre Ezequiel tinha essa consciência de que a Igreja precisa ser missionária, uma Igreja missionária é aquilo que anuncia e denuncia aquilo que vai contra a vida e sobretudo a vida dos pequenos e a vida de toda a criação”.

Fonte: CNBB 

 

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