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A primeira sessão do Curso para Mulheres Pan-Amazônicas, promovida pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), foi realizada com a participação de 64 mulheres. Por meio de uma viagem pela ancestralidade de suas comunidades, essas mulheres iniciaram esse importante percurso.

Por Oscar Tellez, da REPAM

A relevância das mulheres para a região Pan-Amazônica foi destacada pelas lideranças e pelas ações que elas exercem nos territórios amazônicos. Por esse motivo, por meio do Núcleo “Mulheres e Amazônia” da REPAM, foi promovida a primeira sessão do Curso para Mulheres Pan-Amazônicas, em colaboração com a Faculdade Católica do Amazonas, Brasil. Desde 18 de julho, esse curso veio sendo promovido e, na tarde de segunda-feira, 22 de julho, foi encerrada a sessão correspondente ao primeiro módulo, intitulado “Saberes e raízes das mulheres”.

As professoras encarregadas de conduzir essa primeira sessão do curso foram Laura Vicuña, vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), Tania Ávila, coordenadora da Ameríndia Bolívia, e Moema Miranda, assessora da REPAM Brasil. No início do curso foi destacada a importância do mito como uma história que inspira, que tem conhecimento profundo e nos permite conhecer realidades. Além disso, o caráter criativo do mito foi vinculado ao poder da natureza. Karent Alarcón, um dos participantes do curso, enfatizou que “nós viemos da criação da natureza… da criação de Deus”.

O curso possibilitou relacionar o papel da natureza como mulher criadora de vida. Rita García, outra das participantes, destacou (tomando como referência o vídeo de abertura) que na Amazônia “a cobra é a mãe terra e está relacionada ao ser humano; ela é um refúgio para ele”. Também foi estabelecido que o mito, dentro das comunidades e territórios, é uma memória da abundância, uma variante do conhecimento, uma forma de conhecer grupos e tribos, e marca uma diretriz para o futuro.

Vale ressaltar que, ao abordar o tema do mito durante este primeiro curso, se estabelece uma estreita relação com o papel da mulher como geradora de vida e conhecimento para os territórios da Pan-Amazônia. O trabalho de milhares de mulheres originárias ou residentes na Amazônia é fundamental para construir as soluções necessárias para cada um dos problemas que possam surgir. Também foi desenvolvida uma dinâmica que envolveu cada um dos subgrupos de trabalho durante o curso. Também foi destacado o imenso conhecimento das mulheres amazônicas e sua grande capacidade de discernimento.

Da Amazônia equatoriana, Lorena Mendieta relatou a importância dos costumes de sua comunidade e o papel que as mulheres desempenham dentro delas, pois são elas que têm um papel transcendental na reprodução do conhecimento e das tradições do povo. “Ao redor do Guayusa a família se reúne para compartilhar experiências; ali o papel das mulheres é fundamental”, destacou. Como conclusão desta primeira edição do curso, pode-se acrescentar que o mito nos permite lembrar a abundância e dá o tom para refletir sobre o papel desempenhado por cada um dos atores dentro das comunidades da Pan-Amazônia.

A segunda sessão desse Curso para Mulheres Pan-Amazônicas terá como tema “Mulheres, violência e direitos humanos”, e será ministrada pela Drª Márcia Oliveira e pela Irmã Rose Bertoldo. As mais de 60 participantes do curso poderão refletir sobre diferentes situações que surgem em seus territórios e sobre as quais é necessário refletir para encontrar caminhos diante das violações de direitos humanos e do território.

Tradução: Ir. Hugo Bruno Mombach, FSC – Jornalista, tradutor e revisor de textos.

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