A Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB esteve reunida nos dias 26 e 27 de março, em Brasília/DF. Na ocasião, houve partilha do trabalho que vem sendo realizado na área de atuação do grupo e uma palavra de apoio do arcebispo de Brasília/DF e presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, destacando a relevância e a importância das ações desenvolvidas. O trabalho na região amazônica deve motivar a expansão da temática nos demais regionais do Brasil.
As várias situações de vulnerabilidade encontradas na região amazônica são terreno fértil para os casos de abuso e exploração sexual e de tráfico de pessoas. Mesmo sendo uma chaga presente em todo o território nacional, a atuação da Igreja na prevenção e no enfrentamento a estes crimes já é bem estruturada na região.
Nos regionais Norte 1 e 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, as religiosas da Rede Um Grito Pela Vida e a Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM buscam oferecer às comunidades e famílias informações importantes para a prevenção dos casos de abuso, exploração e tráfico humano.
Irmã Rose Bertoldo, do Comitê da REPAM-Brasil no regional Norte 1 e membro da Rede Um Grito Pela Vida, esteve presente no encontro e pôde partilhar um pouco do trabalho realizado no âmbito do eixo Igrejas de Fronteiras da REPAM. Ela conta que a intenção agora é levar a temática para os planejamentos dos 13 comitês locais da REPAM e para os 18 regionais da CNBB.
Também da região amazônica, participaram do encontro Benedito Alcântara, do Comitê da REPAM-Brasil em Marabá; irmã Eurides de Oliveira, da Rede Um Grito Pela Vida; irmã Marie Henriqueta Cavalcante, da Comissão Justiça e Paz do regional Norte 2 da CNBB; e dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo da prelazia de Marajó/PA e membro da Comissão Episcopal.
Dom Evaristo e irmã Marie Henriqueta compartilharam a experiência do Seminário de Estudos realizado no fim de fevereiro, na preparação para o Sínodo para a Amazônia. “O nosso foco é que o Sínodo também aborde essa questão do enfrentamento ao tráfico humano”, afirmou o bispo.
Dom Evaristo comentou que a exploração na Amazônia não é somente econômica, mas também humana: “O Sínodo não pode deixar de dar uma palavra sobre essa realidade muito presente na Amazônia, são vidas que são vendidas, usadas para dar lucro para alguém”.
Em sua partilha, irmã Henriqueta socializou com os participantes o que o regional tem feito, especialmente no combate ao tráfico de pessoas. “Apresentei também o trabalho integrado que nós temos feito e o Termo de Cooperação Técnica de Entendimentos e Diálogos com o Ministério Público do Pará que tem facilitado ampliar a reflexão e dar visibilidade para o tema da violência sexual, exploração e do tráfico de pessoas”, contou.
Para ela, momentos como esses são importantes pois mostram a relevância de um trabalho articulado e integrado. “Servem para mostrar que a Igreja não tem condições de tocar sozinha, pela problemática do crime e também por se tratar de um crime que tem uma organização muito forte e uma capilaridade mundial”, garante. Ainda durante a reunião, a Comissão teve a oportunidade de avaliar sua caminhada, assim como retomar seus eixos de trabalho e planejar suas ações para o próximo quadriênio.
A análise de conjuntura do encontro foi feita pela coordenadora Geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Ministério da Justiça, Renata Braz, que fez uma exposição do 3º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, o qual tem o objetivo de aperfeiçoar e reforçar as ações de combate ao tráfico de pessoas.
Na manhã desta quarta-feira, o presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, visitou a reunião e animou o trabalho da Comissão de Enfrentamento ao Tráfico Humano no âmbito da Conferência Episcopal.