O Papa Francisco nomeou mais quatro membros para a equipe de redação do documento final do Sínodo Amazônico. São eles Rossano Sala (Itália), professor de Pastoral Juvenil da Pontifícia Universidade Salesiana; o cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena e presidente da Conferência Episcopal da Áustria; dom Edmundo Valenzuela (Paraguay), arcebispo de Assunção; e dom Marcelo Sánchez Sorondo, conselheiro da Pontifícia Academia de Ciência e da Pontifícia Academia de Ciências Sociais.
Um detalhe entre os escolhidos pelo Papa é que Rossano Sala, estava entre os auxiliares do cardeal Sergio da Rocha na relatoria do Sínodo para a Juventude, realizado no ano passado. Este grupo, se juntará aos escolhidos pelos participantes da assembleia sinodal nos primeiros dias de trabalho.
Dom Mário Antônio da Silva está na equipe de redação final do Sínodo
Nesta terça-feira também foram realizadas as últimas duas congregações gerais, as sessões de trabalho em que os participantes das aulas sinodais podem contribuir com intervenções pessoais. De acordo com os porta-vozes do Vaticano, temas como uma nova relação dentro da Igreja, equipes ministeriais, educação na Pan-Amazônia, interculturalidade, direitos dos povos indígenas foram abordados pelos participantes.
Ainda, segundo o secretário da Comissão para a Informação, padre Giacomo Costa, a necessidade de se pensar uma nova estrutura eclesiástica que acompanhe o processo de evangelização na Pan-Amazônia teve bastante destaque na aula sinodal. Segundo ele, não só a discussão sobre a estrutura, mas pede-se que se pense num organismo episcopal permanente para levar adiante os frutos do sínodo e acompanhe os processos pós-sínodo.
De acordo com padre Giacomo, a Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM foi bastante comentada nas congregações dessa terça-feira, com destaque para o processo de escuta que realizou durante o período de preparação do Sínodo. Os mártires da Amazônia também foram destacados nas falas na aula sinodal, como expressões de vivencia do evangelho no território pan-amazônico.
Migrações
A professora Márcia Maria Oliveira, assessora da REPAM e perita do Sínodo para a Amazônia, participou hoje da coletiva de imprensa. Especialista em migrações, tráfico de mulheres e deslocamento dos povos indígenas, Márcia disse que é impossível entender a Pan-Amazônia sem pensar na migração. “As migrações começam pelas portas dos fundos e seguem pelas fronteiras internas”, afirmou a perita do Sínodo.
As migrações, sustenta Márcia, são um grande desafio para a Igreja. Esta realidade, presente na região desde o período da colonização, traz na atualidade para o Sínodo a dinâmica das migrações internacionais e internas com deslocamentos de indígenas, camponeses e quilombolas para a cidade, “uma migração sem projeto migratório: as pessoas praticamente são expulsas, são obrigadas à migração. Nesse contexto, a Igreja deve pensar o processo migratório na perspectiva da acolhida, que pode ser benéfico, uma vez que a maior parte desses migrantes “são igrejas em diáspora, é uma comunidade que vai ajudar outra comunidade no seu local de destino migratório”.
Liturgia inculturada
Durante a coletiva de imprensa da manhã, dom Rafael Alfonso Escudero López-Brea, bispo de Moyobamba, no Peru, foi questionado sobre o que significaria inculturação na liturgia, com possível introdução de rituais indígenas. “Significa introduzir na eucaristia alguns símbolos, rituais, que não afetam o que lhe é específico e núcleo da Eucaristia. Mas se pode enriquecer com alguns rituais, alguns símbolos, decorações, ornamentos, é disso que se trata, para que os povos amazônicos possam celebrar a Santa Eucaristia com suas próprias peculiaridades”, esclareceu o bispo. “Em alguns lugares da África, por exemplo, foram introduzidos elementos da própria cultura na celebração eucarística, não seria nada novo”, recordou dom Rafael.
Na sequência
Nos próximos dias, a programação prevê a realização dos pequenos círculos, quando os participantes poderão discutir os temas que se destacaram nas aulas sinodais e encaminhar subsídios para a equipe de redação do documento final do sínodo.