Notícia

Representantes de países chamam a atenção para a constante exploração sexual infantil e Tráfico, desmatamento, mineração ilegal, dentre outros

Por Rosa M. Martins

A Rede Eclesial Pan-Amazônica realiza a 3ª edição da Escola de Direitos Humanos, que durante quatro semanas consecutivas reúne 25 lideranças representantes de seis países e das fronteiras da Pan-Amazônia (dois de cada país, com situações sérias e desafiadoras de violação dos Direitos dos Povos e da Natureza). De acordo com a coordenação, o evento tem como objetivo “recolher dores, esperanças e recomendações para continuar construindo e lutando com os povos e comunidades”.

A Escola segue uma metodologia de trabalho que favorece a contextualização e o compartilhamento das experiências de violação dos Direitos Humanos, identificá-las e propor ações de erradicação destas práticas. Direitos Humanos é o tema específico da segunda semana da Escola, que começou na última segunda-feira.

Denúncias

Durante a primeira semana da Escola, representantes de países que contém em seus territórios o bioma amazônico, revelaram casos de violação dos Direitos da Pessoa e da Natureza. A Bolívia destacou a invasão dos territórios indígenas por grandes e pequenas empresas extrativistas; o Equador, por sua vez, deu destaque à realidade dos rios após o derramamento de óleo no rio Coca; a Colômbia citou  desmatamento na Amazônia colombiana que tem afetado o bem-estar das comunidades; o Brasil chamou a atenção para a  manutenção dos territórios tradicionais dos afrodescendentes em Rondônia, pela permanência no assentamento Jatobá, em Roraima, e os conflitos nas aldeias de Maraguá, no Amazonas; o Peru apontou para o projeto hidroviário que terá grande impacto na comunidade indígena Kocama e a luta pelo território da comunidade de Puerto Novo. Para  a Venezuela, a disputa pelo controle territorial, as ameaças de mineração ilegal e extração de madeira em territórios indígenas, são os principais sintomas da violação dos Direitos dos Povos e da Natureza.

A tríplice fronteira (Peru, Colômbia e Brasil), sofre constantemente com a   exploração sexual de crianças e adolescentes e o Tráfico Humano.

Escola de Direitos Humanos realizada pela REPAM, em sua 3ª edição, acontece em Manaus. Foto: REPAM

Mulheres: a última fronteira de resistência

Durante a conclusão do primeiro módulo da Escola, o Centro da Mulher REPAM alçaram a voz para afirmar que “somos território. Nada é fácil para uma mulher na comunidade. A voz é uma piada. Se expressamos bem ou mal, mas nossos sentimentos estão lá. A necessidade e o sofrimento nos fizeram nos organizar. Primeiro sem voz ou voto, apenas para ouvir. Começamos a semear como quem semeia uma semente. Estamos germinando… os representantes peruanos nos encorajam”.

Mulher negra participa pela primeira vez da Escola de Direitos Humanos

A maioria das participantes da Escola, desta 3ª edição,  são mulheres e pela primeira vez, compõe o grupo uma representante das comunidades afrodescendentes. “Meus pais eram escravos, minha família é descendente de escravos. Vivemos com mais medo. Tivemos casos de violência na família. As pessoas têm que resistir, lutar pelos seus direitos. A nossa luta é por todos, por quem não tem”, conta.

A Escola de Direitos Humanos acontece desde o dia 4 de julho e encerra no dia 29 de julho.

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