O Papa Francisco recebeu, na tarde desta quinta-feira, 17, um grupo de indígenas, acompanhados de dom Roque Paloschi, presidente do Conselho indigenista Missionário/CIMI, e dos cardeais Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo, Cláudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM, e Pedro Barreto, vice-presidente da REPAM. Entre os indígenas, estiveram presentes peritos e auditores do sínodo e outros que vieram a Roma para participar de atividades da tenda Amazônia Casa Comum.
Na pauta do encontro, os desafios vividos pelas comunidades indígenas em toda a Pan-Amazônia. O papa Francisco fez questão de receber o grupo nessa tarde, antes da congregação geral.
Durante a manhã os pequenos círculos continuaram os trabalhos. E pela tarde foi realizada a décima terceira congregação geral com a apresentação dos relatores dos trabalhos realizados nos dois últimos dias em pequenos grupos por idiomas.
Vocação indígena
Na entrevista coletiva de imprensa da manhã de hoje, padre Justino Resende, sacerdote salesiano há 25 anos, falou de sua experiência vocacional. Único padre indígena no sínodo, ele contribuiu na elaboração do documento preparatório e do Instrumento de Trabalho como um experto. Hoje ele é um dos peritos do Sínodo. “Minha participação tem seguido na ajuda da reflexão sobre inculturação e fé”, afirmou Justino. Indígena da etnia Tuyuca, Justino afirma que o processo de enculturação não é tão simples, é preciso ir devagar para respeitar os tempos e a diversidade cultural. O sacerdote falou da importância dos missionários na Amazônia, mas destacou a necessidade de os próprios indígenas serem os principais atores no processo de evangelização.
Inculturação
Dom Roque Paloschi, que é arcebispo de Porto Velho/RO, retomou as palavras do Papa Francisco em Porto Maldonado, em janeiro do ano passado, destacando a gravidade da situação em que vivem os povos indígenas hoje. O presidente do CIMI falou ainda sobre a realidade dos povos indígenas em situação de isolamento voluntário e do desafio do cuidado da identidade deles. Dom Roque lembrou dos últimos acontecimentos em relação à situação das políticas públicas para os povos indígenas, pontuando que apenas 1/3 das terras indígenas estão demarcadas no Brasil, e que os órgãos públicos de regulamentação e cuidado com os indígenas estão sendo sucateados.
O procurador regional da República Felício Pontes, um dos auditores do Sínodo, também participou da coletiva de imprensa. Ele falou dos dois projetos de desenvolvimento na Amazônia que estão em conflito. Para o procurador existe um projeto de desenvolvimento predatório que derruba a floresta para chegada de commodities, como a produção de grãos e pastos. Em contrapartida, disse Felício, existe um modelo que deveria ser valorizado que é de um desenvolvimento sustentável e que mantém a floresta de pé. “A floresta vale muito mais em pé do que derrubada. Isso é um desafio, fazer com esses exemplos sejam ouvidos”, afirmou Pontes.
Amanhã, sexta-feira, os padres sinodais estarão de folga e apenas a equipe de redação do documento final segue os trabalhos. No sábado, haverá uma via sacra dos povos da Pan-Amazônia pelas ruas do Vaticano.
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