Paulo Santiago
Repam Brasil
Cocares, batas, turbantes e muita mística fizeram do ato inter-religioso ‘Mártires da Floresta Amazônica’, realizado nesta sexta-feira, 29, um encontro ecumênico e rico de diversidade. O auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, foi o espaço escolhido para receber centenas de pessoas de várias crenças e também os que não professam nenhuma fé, mas comungam dos ideais dos homens e mulheres que tombaram (foram assassinados) em defesa das vidas da região.
Promovido durante a 10ª edição do Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa), o ato adotou um caráter celebrativo para lembrar os nomes dos mártires e as causas pelas quais doaram suas vidas, além de fazer memória às pessoas que morreram por conta da pandemia de Covid-19. Entre cantos indígenas, de matriz africana e de igrejas cristãs, agentes de movimentos sociais e eclesiais entraram em cortejo, empunhando estandartes com os nomes daqueles que morreram para defender a floresta e seus povos originários e tradicionais.
Dorismeire Vasconcelos, articuladora nacional da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), destaca o exemplo dos mártires para as novas gerações de defensores da Amazônia. “Eles são para nós, povos amazônicos, testemunhos de fé e vida, da garantia dos direitos humanos e da natureza, e nos ensinam a cada momento, por meio de seu testemunho, a salvaguardar a criação, a Amazônia, a casa comum”, pontua a representante da Rede.
Para o padre Dário Bossi, assessor nacional da Repam Brasil, o encontro foi uma oportunidade de, assim como os mártires, agregar povos e culturas que acreditam na floresta em pé. “Os mártires nos ensinam muitas coisas, entre elas a indignação. […] Eles nos chamam a nos indignarmos contra um sistema que está condenando à morte a Amazônia e seus povos. Eles nos mostram que o caminho para transformar essa violência não é mais violência, mas é pelo amor, é pelo dom total da vida. É o caminho que planta as sementes de justiça e de paz que Jesus nos prometeu”.
A programação do Fospa segue até domingo, dia 31, com debates e apresentações culturais nas tendas do evento. A entrada é gratuita e a participação é livre às pessoas inscritas ou não no Fórum. Confira as atividades nas redes sociais e no site: @fospaoficial e fospabelem.com.br.