Nesta semana em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher somos desafiados a refletir, cada um de nós, mas também como sociedade, sobre como a gente vê às mulheres. Ninguém pode esquecer que essa data surgiu a partir de um momento de luta por direitos, uma luta que, por outro lado, ainda continua.
Devemos reconhecer que os direitos das mulheres em muitos países, também no Brasil, ainda não são garantidos. Nascer mulher é ser condenada desde o início da vida a viver com menos direitos, a ser marginalizada por uma sociedade que as inferioriza, que as coloca em um plano inferior.
Como a gente reage diante dessa inferioridade? O que a gente faz, seja homem ou mulher, para combater essa injustiça instalada secularmente no meio de nós? Quais passos devem ser dados para que aquilo que aparece no papel, na lei, direitos iguais para homens e mulheres, seja vivenciado na prática, na vida cotidiana?
As atitudes machistas estão presentes em muitos de nós, inclusive em muitas mulheres, que toleram situações machistas e inclusive apoiam, ou simplesmente se calam diante de injustiças com as que se deparam a cada momento. São situações que em muitos casos são assumidas como normais, quando de fato não deveriam ser vistas assim, pois na medida em que elas se perpetuam, a injustiça continua presente no meio de nós.
Todos deveríamos colocar em nossa cabeça, mas também em nossa vida prática, que ser mulher não inferioriza ninguém, que o sexo feminino não faz ninguém menor, mais limitado. Ter capacidades diferentes entre homens e mulheres é algo que complementa, que enriquece, que nos faz ter visões que ajudam a crescer como sociedade, mas também como pessoas.
Como Igreja também somos desafiados a descobrir o papel fundamental das mulheres nessa caminhada. Devemos reconhecer que a Igreja católica é uma Igreja de mulheres ainda “governada” por homens, que ocupam a grande maioria dos espaços de decisão.
O Papa Francisco insiste constantemente em avançar nessa presença cada vez maior das mulheres nos espaços de decisão da Igreja. Aos poucos estão sendo dados passos, nem sempre tão grandes como deveriam ser dados, mas que são sinais de esperança para poder avançar em um caminho muitas vezes cheio de empecilhos.
Como trazer isso para nossa realidade local, como garantir maior presença feminina nos espaços de decisão sociais e eclesiais? Como vivenciar em nossas comunidades esse protagonismo feminino que vai enriquecer a vida pessoal e comunitária de muita gente? Como ajudar no empoderamento das mulheres, também em nossa Igreja católica?
Aproveitemos este tempo que estamos vivendo para avançar em uma reflexão que não pode ser adiada. É tempo de avançar na luta por direitos, por reconhecimento, por empoderamento feminino. Uma luta que é de todos, também de você, seja homem ou mulher. Não deixe passar mais uma oportunidade.
Luis Miguel Modino/Comunicação CNBB Norte 1 – Editorial Rádio Rio Mar