A Rede Eclesial Pan-Amazônia – REPAM-Brasil, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultoras e Agricultoras Familiares (CONTAG) e Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), em parceria com as organizações que compõem a campanha “A Vida por um Fio”, realizaram na tarde desta quarta-feira (23), o Seminário de Autoproteção de Pessoas e Comunidades no Contexto da Pandemia. O encontro, realizado de forma virtual, trouxe como temas principais redes de proteção e defesa da democracia, provocando reflexões sobre os desafios para os defensores e defensoras de direitos humanos.
Participam do encontro mais de 80 participantes, entre lideranças dos territórios, representantes das instituições e convidados.
Abrindo os trabalhos, o missionário comboniano e assessor da REPAM-Brasil, Pe. Dário Bossi, apresentou a campanha e falou sobre as ações realizadas em 2020 e 2021. “A campanha atua não só na proteção de defensores de direitos humanos, mas também na formação e capacitação das comunidades para a proteção de lideranças ameaçadas”, destacou.
Ao comentar os desafios para os defensores e defensoras de direitos humanos, o presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e bispo da Prelazia de Itacoatiara-AM, Dom José Ionilton, destacou a crise sanitária, econômica e política que, segundo ele, agravaram as desigualdades sociais e a realidade de muitas famílias.
Para o secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, Carlos Augusto Santos, a campanha é um exercício prático de como fazer o trabalho em rede. “Esse exercício da campanha é sem dúvidas fundamental para que a gente possa lá na base, de forma articulada com o Estado, somar forças contra as políticas de criminalização dos movimentos sociais”, afirmou.
Durante a análise de conjuntura, o coordenador da Terra de Direitos, Darci Frigo, pontuou as forças oportunistas e de direita que têm dominado o Congresso Nacional e falou sobre a importância de refletir sobre o contexto político de defesa da democracia e dos movimentos de luta. “É a conjuntura do ódio que afeta a democracia e essa é uma ameaça, ao qual devemos estar atentos”, alertou.
Paulo Carbonari, coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), destacou a atuação e mobilização das organizações da sociedade civil e movimentos sociais no contexto da pandemia. Ele aponta três grandes desafios para garantir a defesa dos defensores de direitos humanos: “universalismos dos direitos humanos, a defesa da democracia e o fortalecimento das organizações populares”.
A Pastora Romi Bencke, secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, acredita que esses temas precisam ser pautados de maneira permanente, especialmente, pela Igreja. Destacando o papel das mulheres, a pastora afirmou que as mulheres e a população LGBTQIA+ são alguns dos grupos sociais que mais tem perdido direitos e que essa é uma prática que tem se tornado “legítima”.
Programação
O seminário segue até amanhã (24) com diálogos sobre as experiências de autoproteção de pessoas e comunidades ameaçadas e trabalhos em grupo.
A Campanha
A Campanha de Autoproteção de Comunidades e Lideranças Ameaçadas – A Vida por um Fio é uma das respostas ao Sínodo da Amazônia, realizado em 2019, no Vaticano. A campanha foi construída a partir da parceria entre diversas organizações da sociedade civil que lutam por Direitos Humanos e as Pastorais e organismos da Igreja Católica.
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