Evento, vinculado à COP 30, reúne diversas entidades e movimentos sociais para debater preservação ambiental e sustentabilidade
Nos dias 1º e 2 de agosto, ocorreu em Brasília o Seminário Nacional da Cúpula dos Povos Rumo COP 30, com o objetivo de consolidar a pauta de bandeiras de luta comum entre povos das águas, florestas, movimentos sindicais, sociais, comunidades tradicionais, povos indígenas e quilombolas, a carta política da Coalizão da Cúpula dos Povos Rumo COP 30 (constituída por mais de 140 coletivos de redes, fóruns e movimentos sociais, populares, sindicais na diversidade de biomas).
A Cúpula dos Povos visa mobilizar a sociedade civil nacional e internacional para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém (PA) em 2025, reunindo autoridades mundiais para debater preservação ambiental e sustentabilidade.
Estiveram presentes representantes da REPAM Brasil, da CNBB, da Cáritas Brasileira e da articulação Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima na Amazônia, Conselho Indigenista Missionário- CIMI, Comissão Pastoral da Terra- CPT, SINFRAJUPE, CESE, junto a demais movimentos e povos. Doris Vasconcelos, articuladora da REPAM, destacou a importância de envolver povos originários, povos e comunidades tradicionais da Amazônia — como extrativistas, ribeirinhos, quilombolas, quebradeiras de coco, indígenas e outros, além de movimentos, redes e fóruns sociais — nas discussões, na construção das narrativas, na incidência, sendo estes os protagonistas dessa ação sobre o enfrentamento à crise climática. Ela reforçou que esse processo de sensibilização, mobilização e incidência deve ocorrer antes, durante e após a COP 30 no Brasil.
“Temos que reconhecer todo o processo de luta, de organização, de mobilização dos povos e coletivos sociais, tanto na Pan-Amazônia, como a nível nacional, na América Latina e globalmente, que tem sido feito nesses últimos anos de tantas COPs climáticas em que a mobilização social intensificou o queremos construir de história e posicionamento acerca desse tema”, disse Doris Vasconcelos.
Durante os dois dias do encontro, realizado na CONTAG, em Brasília, houve diálogos de discernimento da conjuntura regional, nacional e internacional visando encontrar um acordo de bandeiras de lutas comuns e consolidar uma organização política da Cúpula dos Povos para avançarmos na discussão e incidência dos pontos focais rumo COP 30 e mudança da história do clima. Além disso, foi elaborada e lançada a Carta Política da Cúpula dos Povos Rumo COP 30 com todos os tópicos defendidos e decididos pelos povos originários, povos e territórios tradicionais, comunidades tradicionais e por vários segmentos de entidades, redes, fóruns, movimentos sociais, populares, interreligiosos, ambientais, numa grande diversidade étnica, racial, gênero e de cosmovisões.
“Foi excelente a oportunidade da articulação para a COP 30 poder participar da Cúpula dos Povos. Nós tivemos dois dias de intenso diálogo, intenso debate das nossas bandeiras, das nossas pautas, e vimos também a possibilidade de colocar os gritos que nós já ouvimos aqui dos povos que a gente tem visitado e tem dialogado, como o Encontro das Águas, onde entendemos o conceito de “maretório” e de todas as ameaças que os manguezais e os pescadores trouxeram. E também é uma oportunidade para dar visibilidade à nossa articulação, no sentido de estarmos à disposição de nos integrar para essa incidência, agora, antes, durante e depois da COP 30″, disse Joana Menezes, articuladora da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima, articulação da REPAM Brasil rumo à COP 30.
O documento foi entregue a representantes da Secretaria da Presidência da República- SGPR, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima- MMAMC, Ministério dos Povos Indígenas- MPI, Ministério das Mulheres- MM, Secretaria Extraordinária da COP 30 (Casa Civil), Ministério das Relações Exteriores – MRE, Secretaria Nacional de Periferias e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Não podemos passar por essa COP como coadjuvantes, precisamos ser protagonistas. Discutir a COP 30 a partir dos nossos territórios, afirmando e reafirmando a nossa luta em favor da igualdade, contra toda forma de violência contra todos os povos”, disse Rosa Negra, Coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado.
Nessa semana a Carta será amplamente divulgada junto a sociedade e inicia-se o processo de ampliação e adesão de novas organizações, assim como as articulações para além das nossas fronteiras.