“Tenho compaixão desta gente, porque não tem o que comer” (Mc 8,2) é o versículo bíblico inspirador da Obra Episcopal da Igreja Católica Alemã para a Cooperação e o Desenvolvimento – Misereor, que comemorou, na noite dessa segunda-feira (27), 60 anos de fundação. Organizada pelo Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais/CAIS, a celebração ecumênica, realizada na Casa de Retiros Assunção, em Brasília, reuniu dezenas parceiros, movimentos sociais, pastorais, organismos eclesiais e amigos da instituição, dentre eles a equipe da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM.
Na acolhida da celebração, o padre Gabriele Cipirani, presidente do CAIS, saudou os participantes e destacou a presença das diversas instituições presentes. Ele lembrou a data de fundação de Misereor, 17 de agosto de 1958, recordando o movimento dos católicos alemães daquele tempo que desejavam socorrer os irmãos e as irmãs necessitados. “Já são seis décadas de cooperação direta, mas também de muita influência política em temas globais, tais como comércio justo, migrações, povos tradicionais e a defesa da Criação. Alegremo-nos, neste dia, para fortalecer a esperança e cultivar a força do compromisso, especialmente nos tempos difíceis de tantos retrocessos e ameaças aos direitos e à democracia em nosso país”, afirmou Cipriani.
Regina Reinert, representante de Misereor no Brasil, fez memória das diversas conquistas da instituição mundo afora. Ela recordou a Campanha da Fraternidade realizada na África do Sul contra o Apartheid, a Campanha em Defesa dos Direitos Humanos de pessoas LGBT, dentre outras que, segundo ela, “raramente são contadas”. Lembrou, ainda, do foco de ação da instituição e de parcerias em ações concretas no Brasil, como a Campanha da Fraternidade de 2016, juntamente com o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil/CONIC e da Campanha de Dom Luiz Flávio Cappio contra a transposição do rio São Francisco. Ao recordar o texto bíblico que inspira a criação de Misereor, Regina afirmou que “esta compaixão é ainda muito necessária”.
O Sínodo para a Amazônia foi lembrado na celebração. De acordo com Regina “este Sínodo é apenas o começo. Vamos fazer o nosso Sínodo para a Amazônia antes, durante e depois”. Para ela o Sínodo é uma oportunidade de se repensar muitos processos e projetos na Igreja em vista dos mais vulneráveis. “Vamos aproveitar do Sínodo para colocar nele os nossos sonhos!” – afirmou Reinert, representante de Misereor no Brasil.
Participaram ainda da celebração, contribuindo com reflexões e orações, Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho/RO e presidente do Conselho Indigenista Missionário, Dom Luiz Flávio Cappio, bispo de Barra/BA e Dom Demétrio Valentini, bispo emérito de Jale e vice-presidente do CAIS. Na celebração, os participantes foram convidados refundar, hoje, a Misereor e a repensar sua relação com a instituição.
Homenagem
A REPAM e a Comissão Especial para Amazônia/CEA prestaram uma homenagem à Misereor. Ir. Maria Irene Lopes, secretária executiva da REPAM e assessora da CEA, entregou à Regina Reneinert uma placa e uma imagem, redesenho de uma fotografia de uma mãe e um filho, indígenas, como presente das instituições. De acordo com a Ir. Maria Irene, a parceria com Misereor é antiga e, mais do que agradecer pelo apoio à REPAM e à CEA, a gratidão é por todo o trabalho e apoio dado à Igreja na Amazônia. “Só temos a agradecer à Misereor pelos 60 anos de cooperação e solidariedade nas importantes lutas e conquistas por direitos no Brasil, em especial na Amazônia. Com as bênçãos da rainha da Amazônia, Nossa Senhora de Nazaré, continuemos nossa parceria e trabalho por uma sociedade mais justa, solidária e sustentável”, afirmou Ir. Irene.