Notícia

Entre os dias 19 e 21 de maio, a REPAM-Brasil participa do primeiro encontro presencial da Rede de Redes Amazônicas, realizado em Brasília. O evento reúne representantes de mais de 13 redes e 90 organizações que atuam nos territórios amazônicos, com o objetivo de construir uma agenda comum de incidência, fortalecer alianças e articular estratégias diante dos desafios urgentes que ameaçam a Amazônia e seus povos.

A REPAM foi representada pela Irmã Irene Lopes, secretária executiva da REPAM-Brasil, pelo assessor jurídico Melillo Dinis, pela professora Márcia Maria Oliveira, referência em estudos amazônicos e decoloniais, e por Juan Felipe Martínez, secretário executivo da REPAM Colômbia.

Para Melillo Dinis, o encontro marca um momento importante de articulação regional:
“Estamos iniciando um arranque, como se diz aqui, em busca da constituição de uma rede de várias redes da Amazônia. A ideia é, a partir de dois eventos – a cúpula dos presidentes da Amazônia, em agosto, em Bogotá, e a COP 30, em novembro, em Belém do Pará – articular redes que trabalham com temas relacionados à Amazônia, especialmente o tema da mudança climática, o tema da garantia dos direitos dos povos e dos territórios, no sentido de constituir uma articulação que busque destacar, aprimorar e incidir em torno de alguns pontos que são chamados de pontos de impacto chaves. E, ao mesmo tempo, dar um espaço de maior presença da sociedade civil, pelo menos destas que nós participamos, no campo dos eventos, mas também dos processos que estão relacionados a estes eventos.”

A professora Márcia Maria Oliveira também reforçou a importância da construção coletiva e da atuação das redes:
“Estamos aqui reunidos num grupo de representantes de diversas instituições da Pan-Amazônia. Ao todo somos 14 entidades que aglutinam diversos grupos da sociedade civil, das instituições científicas, das organizações históricas da região, para debater, refletir e apresentar propostas de incidências sociais e políticas na região, a caminho do encontro dos chefes de Estado da região panamazônica, que ocorrerá em agosto, e ao mesmo tempo em preparação à COP30. Tentamos responder como é que, como sociedade, podemos estar propondo intervenções e incidências no campo social e político e, de modo muito especial, com relação às questões ambientais — ao problema da água, dos câmbios climáticos e das diversas possibilidades de intervenção de toda a sociedade. Como REPAM, temos a representação da Secretaria Nacional, mais a presença do Juan Felipe, que veio da Colômbia, e eu, que estou pelo território, apresentando então a caminhada da REPAM e a contribuição importante que temos para fazer frente também aos processos históricos de organização e de incidência social e política, também no campo dos desafios das questões ecológicas, fazendo valer também a luta que se tem ao redor do tema da casa comum e da ecologia integral nessa reflexão tão ampla.”

O encontro será um espaço de escuta, diálogo e construção coletiva. A programação foi estruturada em três momentos centrais:

Dia 1 – Alcançar acordos: as redes apresentaram seus propósitos, motivações e expectativas para o processo conjunto.
Dia 2 – Buscar o caminho: foram definidos os pontos de impacto prioritários e as rotas de ação colaborativa.
Dia 3 – Catalisar a mudança: acordou-se um marco estratégico para ações de incidência regional, incluindo um encontro com representantes da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica).

A Rede de Redes Amazônicas surge como uma resposta conjunta ao momento histórico vivido pela região: entre o legado da Declaração de Belém, os desafios da COP30 e a urgência de fortalecer a sociedade civil amazônica como sujeito político legítimo. A articulação propõe-se como um catalisador de sinergias, capaz de conectar visões, experiências e lutas para uma Amazônia viva, protegida e resiliente.

A REPAM reafirma seu compromisso com essa construção coletiva e com a defesa de uma ecologia integral que une justiça social, cuidado com os territórios e promoção da dignidade dos povos da Amazônia.

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