A articulação da REPAM-Brasil e da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima participou, entre os dias 18 e 20 de setembro, da Reunião do Operativo Nacional da Cúpula dos Povos, em Belém-PA. O encontro, que reuniu lideranças de diversos movimentos sociais e populares, teve como foco a construção da metodologia, dos planos de trabalho e da mobilização de recursos em preparação para a COP 30, que ocorrerá na capital paraense em 2025.
O evento, realizado ao longo de três dias, foi um marco no processo de organização da Cúpula dos Povos, que visa garantir a participação ativa de diferentes segmentos da sociedade civil no debate global sobre mudanças climáticas e justiça social.
“Esse encontro foi um momento de avanço para as águas mais profundas que nos interligam rumo à COP 30 (…) A REPAM, como igreja a serviço da vida junto aos povos amazônicos, acredita e tem apoiado, caminhando com mais de 400 organizações na Cúpula dos Povos para a grande mobilização de povos, redes, movimentos e organizações da terra pelo clima, na defesa da vida do planeta. Continuaremos a trilhar esse caminho, caminhando junto com os povos para que eles sejam protagonistas dessa ação”, afirmou Doris Vasconcellos, articuladora da REPAM-Brasil.
A atividade teve início na quarta-feira (18) com um resgate histórico das experiências vividas em eventos como a Rio+20, a Eco 92 e os Diálogos Amazônicos. O objetivo foi refletir sobre os aprendizados e desafios desses marcos históricos para embasar o processo atual de organização da Cúpula dos Povos.
Na quinta-feira (19), os participantes se dedicaram à construção dos planos de trabalho dos Grupos de Trabalho (GTs) e à consolidação da metodologia da Cúpula.
O último dia, sexta-feira (20), foi marcado por uma reunião conjunta entre o Operativo Nacional e o Comitê Local Ampliado da Cúpula dos Povos. Juntos, os grupos definiram a agenda de atividades, os eixos temáticos e as bandeiras de luta, baseadas nas 16 diretrizes estabelecidas em agosto de 2024.
Entramos em temas como a necessidade de rever e construir uma nova governança global do clima, a partir do Sul Global, aproveitando o fato de que a COP será no Brasil, na Amazônia. Discutimos também a transição energética justa e a eliminação gradual da queima de combustíveis fósseis, que representa mais de 80% das emissões globais. Abordamos a questão dos povos e territórios, o desmatamento zero, a soberania e o bem viver dessas populações, além da cultura, espiritualidade, reforma agrária, e a demarcação de novas áreas indígenas, quilombolas e extrativistas. Tratamos também de eixos importantes como o racismo ambiental e as questões de gênero e dos direitos das mulheres, entre outros”, disse Caetano Scannavino, membro da coordenação da Rede Observatório do Clima.
O encontro foi encerrado com o compromisso de seguir mobilizando recursos e articulando parcerias para fortalecer a Cúpula dos Povos, que se consolidará como uma plataforma de resistência e construção coletiva durante e após a COP 30. A expectativa é que o evento em 2025 seja um marco na luta global por um futuro mais justo e sustentável.
“Saímos animados com os encaminhamentos feitos, já traçando os próximos passos e articulando com entes internacionais. Afinal, esta não é uma COP apenas do Brasil ou da Amazônia, mas da agenda global”, acrescentou Scannavino.
A REPAM-Brasil faz parte da Cúpula dos Povos, que conta com mais de 400 organizações. A articulação também inclui a participação local da Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima, um movimento que reforça o compromisso com a defesa dos territórios e da biodiversidade amazônica, alinhado com a preparação para a COP 30.
“Todo processo de mobilização precisa nascer do chão que o impulsiona e é por isso que a REPAM se insere no Operativo Local para que possamos pensar globalmente e agir localmente na construção de uma Cúpula verdadeiramente dos Povos. O território é o igarapé que se encontra com os rios de organizações populares e desaguam no grande oceano dos desafios e possibilidades na luta por justiça climática”, conclui Eduardo Soares, secretário da Mobilização dos Povos pela Terra e Pelo Clima, articulação da Repam-Brasil rumo à COP 30.
Participe da Carta Política e da Adesão de Novas Organizações e Movimentos
Desde agosto de 2023, movimentos sociais, coletivos, redes e organizações da sociedade civil brasileira vêm unindo forças para construir uma convergência entre mulheres, indígenas, quilombolas, agricultores, povos tradicionais, juventudes, ambientalistas, trabalhadores, movimentos de direitos humanos, LGBTQIAPN+, entre outros. Essa articulação é parte da organização da Cúpula dos Povos, um espaço autônomo frente à COP 30 da ONU sobre Mudanças Climáticas, que acontecerá na Amazônia.
A Cúpula dos Povos convoca organizações e movimentos de diversos segmentos para construir um evento capaz de mobilizar a opinião pública, fortalecer a democracia participativa e pressionar tomadores de decisões no Brasil e no mundo.