Notícia

O Conselho do Programa Universitário da Amazônia (PUAM) reuniu-se em Manaus nos dias 27 e 28 de agosto de 2024. Um órgão nascido das propostas do Sínodo para a Amazônia, que busca recuperar as utopias do passado para construir um sistema educacional diferente, a partir e junto com os povos indígenas. Promove seu protagonismo, para que sejam sujeitos de transformações, para construir um futuro a partir do que são, com uma educação que promova os valores de cada povo, levando em conta o território, um espaço sagrado que integra sua história, suas relações sociais e seu modo de vida.

Alcançando os vulneráveis

Em busca de uma compatibilidade crível entre a fé e a razão, que caminham lado a lado para capacitar o ser humano e construir sociedades mais humanas, mais fraternas, mais próximas de Deus, como incentivado pelo Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, Cardeal José Tolentino de Mendonça, que, em uma mensagem de vídeo, desafiou a PUAM a alcançar os vulneráveis no território amazônico.

O PUAM tem estabelecido parcerias com diversas instituições universitárias, dentre elas a Faculdade Católica do Amazonas, da arquidiocese de Manaus, segundo disse a Coordenadora de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação, professora Elisângela Maciel, um caminho comum iniciado no ano passado, “estreitando os laços, discutindo alguns pontos importantes, e com a mesma preocupação de aprofundar as questões da educação, mas com um olhar diferenciado e uma educação que não fique presa só na instituição, mas que ela vai ao encontro das comunidades, que vai ao encontro das pessoas”.

A professora ressalta que “esses programas, eles têm se alinhado, para que a gente possa alcançar o máximo possível de formação para quem precisa de formação e não tem acesso à instituição, não tem acesso aos meios ainda”. Ela afirmou que “o programa, ele visa facilitar isso, os programas do PUAM, eles vão se desdobrar em vários cursos com perspectivas e com direcionamentos diferentes, mas visando uma formação mais aprofundada e que dê condições para que as pessoas possam estar ocupando determinados espaços como lideranças, mas também na vida profissional”.

Conselho PUAM Manaus/ Foto reprodução:  CNBB Norte1

Conselho PUAM Manaus/ Foto reprodução: CNBB Norte1

Trabalhando a partir do acompanhamento das comunidades

A colaboração das Irmãs Lauritas com a PUAM se baseia no fato de que o trabalho dessa congregação “é desenvolvido entre os povos indígenas de toda a América Latina”, como afirma a Irmã Maritza Monsalve. De acordo com a religiosa, “acompanhamos todos os serviços onde podemos acompanhar e continuar sendo uma presença entre eles”.

O trabalho de base, no meio das comunidades amazônicas, é algo que muitas pessoas e instituições assumiram. Uma delas é Maria Teresa Sánchez, da Universidade Católica Andrés Bello – Extensão Guayana, na Venezuela, para quem “o Programa Universitário Amazônico é uma oportunidade para aqueles que, vivendo no território, não têm acesso a uma educação de qualidade com ampla informação, porque a educação universitária tradicional não responde às necessidades de cada um dos territórios”.

Caminho interinstitucional comum

Entre os desafios que o PUAM precisa enfrentar está o financiamento, para o qual o conselho sugeriu algumas medidas a serem tomadas. Durante a reunião, foram apresentados alguns dos cursos que fazem parte do programa, realizados por meio de um trabalho conjunto entre várias instituições de ensino, que surgiram após conhecer os indicadores do território. Um deles é um curso sobre saúde, do qual participam a Pontifícia Universidade Católica do Equador e a Pontifícia Universidade Javeriana de Bogotá.

O Programa Universitário Amazônico participa do Observatório da Democracia na América Latina da Associação de Universidades confiadas à Companhia de Jesus na América Latina (AUSJAL). Diante da deterioração e do desencanto com a democracia no continente, o observatório busca ter um impacto na melhoria da qualidade da democracia. A proposta está estruturada em várias etapas, com a participação de vários pesquisadores que contribuem com dados baseados em informações de líderes locais, no caso do PUAM, na região amazônica.

Ana Lucía Torres/Foto reprodução:  CNBB Norte1

Ana Lucía Torres/Foto reprodução: CNBB Norte1

Uma escolha para os contextos mais oprimidos

A Uniminuto, uma universidade que hoje está presente em 43 municípios de 21 departamentos colombianos, com um extenso programa virtual, surgiu como mais uma etapa do Minuto de Dios, iniciado pelo padre eudista Rafael García Herreros, que desde 1954 ajuda os colombianos a refletir. Uma universidade que atualmente tem 248 programas universitários com 102.000 alunos na Colômbia, que já formou mais de 211.000 alunos em 32 anos. Em um caminho comum com o PUAM, eles levaram a universidade para os departamentos de Guainía e Vaupés, com uma porcentagem significativa de indígenas entre os alunos.

A Jesuit Worldwide Learning leva a universidade para onde estão aqueles que não podem ir à universidade, optou por trabalhar em contextos muito oprimidos, nas áreas mais críticas do mundo, entre elas os povos indígenas, levando em conta que 46% dos 500 milhões de indígenas do mundo não têm acesso à educação básica e apenas 8% chegam à universidade. Eles realizam trabalhos com minorias religiosas, com grupos que sofrem violações de direitos humanos e com aqueles afetados pelas mudanças climáticas, 11.000 alunos em 33 países. Um caminho, que serve de inspiração para a PUAM, no qual eles vêm treinando líderes, gerentes e animadores comunitários, como mostra o programa construído e apresentado na reunião.

Um espaço para somar corações, para ver que há muita gente trabalhando na Amazônia, mesmo que não se perceba, para carregar no bolso as pequenas coisas que são feitas em tantos cantos. Mas também para descobrir os passos a serem dados na construção desse novo programa que se baseia na sabedoria dos povos e se propõe como elemento fundamental para o futuro da Amazônia e de seus povos.

Assembleia PUAM/ Foto reprodução: CNBB Norte1

Assembleia PUAM/ Foto reprodução: CNBB Norte1

Por: Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Reprodução: CNBB Norte1

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