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A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) nasceu como uma das propostas do Sínodo para a Amazônia, que no número 115 de seu Documento Final propõe “criar um organismo episcopal que promova a sinodalidade entre as igrejas da região, que ajude a delinear o rosto amazônico desta Igreja e que continue a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora”, algo que mais tarde se tornaria uma conferência eclesial e não apenas um organismo episcopal.

Na 2ª Assembleia da CEAMA, que está sendo realizada em Manaus de 23 a 26 de agosto de 2024, com cerca de 70 participantes, foram apresentados alguns dos passos que estão sendo dados sob a égide dessa organização, como o Rito Amazônico, a ministerialidade, o Programa Universitário Amazônico (PUAM) e a Rede de Educação Intercultural Bilíngue Amazônica (REIBA).

O desejo de uma Igreja com rosto amazônico está presente na Amazônia desde a chegada da Igreja Católica no século XVI, mas especialmente a partir do Vaticano II e dos encontros dos bispos da Amazônia peruana, em 1971, em Iquitos, e da Amazônia brasileira, em 1972, em Santarém, tomando um impulso decisivo em 2019 com o Sínodo para a Amazônia, do qual surgiu o Rito Amazônico, como afirma o número 119 do Documento Final, algo que tem a ver com o território, mas também com os povos que o habitam.

Segundo Agenor Brighenti, é um rito que quer ser muito mais do que um rito litúrgico, porque não pode se reduzir a inculturar a Liturgia ou o Missal Romano. A partir dessa perspectiva, está sendo feito um trabalho sobre os sacramentos e os sacramentais, a iniciação à vida cristã, a Liturgia das Horas, o Ano Litúrgico, os ministérios, o espaço litúrgico, as estruturas e a organização eclesial. O objetivo é que seja um rito que configure um modelo de Igreja para a Amazônia.

Agenor Ceama/Foto: Reprodução CNBB Norte1

Agenor Ceama/Foto: Reprodução CNBB Norte1

O teólogo brasileiro insiste que um rito não se cria, mas se desenvolve a partir dos processos de inculturação do Evangelho e encarnação da Igreja, fruto de um longo processo de comunidades inseridas na realidade, algo que vem sendo feito desde a chegada dos primeiros missionários. Diante da imensidão e da diversidade da região, Brighenti questiona se é possível ter um único rito para toda a Amazônia. Nessa perspectiva, ele defende a necessidade de respeitar e promover a diversidade, de modo que, em uma Amazônia múltipla, seja possível encontrar um denominador comum, mas aberto o suficiente para que cada região possa expressar sua especificidade nesse rito.

Desde 2020, foram dados passos com contribuições de vários especialistas e comissões de trabalho, que levaram ao Marco Geral do Rito Amazônico e à compilação de registros de experiências de inculturação, buscando criar os componentes do Rito Amazônico que levam à elaboração dos Rituais do Rito Amazônico. Esse processo se estenderá até março de 2025, com três anos ad experimentum para avaliar e ajustar o Rito Amazônico.

A equipe do Rito Amazônico, composta por cerca de 30 pessoas, insiste na importância de reunir experiências de inculturação nas comunidades. As medidas tomadas na pesquisa até agora estão sendo usadas para o trabalho das comissões. Entre os desafios está a socialização do documento de trabalho “Pontos básicos de referência para um Rito Amazônico” em todos os níveis da Igreja interessados no processo do Rito. Junto com isso, a integração de outras pessoas que possam contribuir com as 13 comissões de rito, especialmente em espanhol.

Foto reprodução: CNBB Regional Norte 1

Foto reprodução: CNBB Regional Norte 1

Com relação à ministerialidade, o núcleo de reflexão enfatiza que “todas as iniciativas das mulheres na Amazônia são uma fonte de inspiração nos processos de sinodalidade e nas mudanças que se desejam na Igreja Católica”. Insistem que “a voz das mulheres tem que ressoar, mas não para tirar espaço de ninguém, mas para nos incluir como membros desta Igreja e fazer ressoar as vozes das mulheres”. Algo que começa com o sacramento do batismo e a compreensão da Igreja como o povo de Deus. Entre os desafios está o fato de haver poucas mulheres no núcleo e não ser possível chegar a muitos lugares e realizar um processo de discussão e estudo sobre a ministerialidade da mulher nas comunidades.

A partir do núcleo, pede-se que a CEAMA e as conferências episcopais reconheçam os ministérios das mulheres na Amazônia, que a CEAMA solicite formalmente a Roma a instituição do diaconato feminino e que se iniciem escolas de formação diaconal para mulheres na Amazônia.

Programa Universitário Amazônico (PUAM), que realizará sua assembleia nos dias 27 e 28 de agosto, em Manaus, apresentou sua natureza e a composição do programa, que inclui instituições de ensino superior, redes e atores globais, atores eclesiais, incluindo a CEAMA, e redes de cooperação fraterna. Também foram apresentadas a diretoria, os passos dados e os processos de formação técnica e tecnológica, com a construção de conteúdos e horizontes.

A REIBA trabalha em comunidades indígenas na perspectiva da educação bilíngue e da ecologia integral, está presente em 11 dioceses e vicariatos na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Guiana, acompanhando 12 povos indígenas. Presidida pelo bispo de Puerto Maldonado (Peru), dom David Martínez de Aguirre, conta com um coordenador geral e várias comissões, tendo sido iniciada em 2020, período em que deu vários passos. Um programa que conta com voluntários locais e de outros 10 países. A REIBA está dividida em vários núcleos: Amazônia e Igreja, Povos Indígenas, Formação Pessoal e Comunitária e Educação Intercultural Bilíngue.

Reprodução: CNBB Regional Norte 1

Reprodução: CNBB Regional Norte 1

Por: Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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