Durante a semana de 31 de março a 4 de abril de 2025, a REPAM-Brasil esteve em Brasília com uma missão clara: garantir que as vozes dos territórios amazônicos e das periferias urbanas sejam ouvidas nos espaços de decisão. Foram 26 reuniões estratégicas com ministérios, secretarias e organizações parceiras, construindo pontes entre a realidade das comunidades e a formulação de políticas públicas.
Essa atuação ganha ainda mais relevância diante da grave crise enfrentada por iniciativas humanitárias em Roraima. Desde janeiro, programas fundamentais da Cáritas Brasileira — membro fundador da REPAM — sofreram cortes drásticos de recursos internacionais. Em Boa Vista e Pacaraima, o Programa de Alimentação, que servia cerca de 1.800 refeições diárias, e o Projeto Orinoco, que garantia acesso a banheiros, lavanderia e água potável, estão ameaçados. Esses serviços atendem, sobretudo, migrantes em situação de rua, um público frequentemente invisibilizado e fora da cobertura da Operação Acolhida.
“A suspensão desses recursos compromete o funcionamento de cozinhas solidárias, banheiros públicos e outros serviços essenciais. Precisamos agir com urgência para garantir a continuidade dessas iniciativas”, alertou Dom Evaristo Pascoal, vice-presidente da REPAM-Brasil.
Em resposta à mobilização da sociedade civil e da própria REPAM, o governo federal iniciou articulações para soluções emergenciais. O ministro Wellington Dias, em diálogo com a Defesa Civil e outras pastas, anunciou medidas para assegurar a manutenção dos serviços e ampliar a política das Cozinhas Solidárias.
O avanço dessa política pública se concretizou nesta segunda-feira, 22 de abril, com a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica que prevê a instalação de oito novas cozinhas em sete estados — entre eles, Boa Vista (RR). A ação é liderada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, com o apoio do MTE, MCID e MDS. Além de garantir alimentação e dignidade, a proposta busca integrar essas cozinhas com programas de qualificação profissional e geração de renda, através da economia popular e solidária.
A relação entre o território e a incidência institucional é o eixo dessa transformação. A presença da REPAM em Brasília não é apenas política, mas pastoral: leva os clamores da base para o centro das decisões e ajuda a traduzir políticas públicas em cuidado concreto com os mais vulneráveis.
Ao lado da luta contra a fome, outra conquista celebrada foi a prioridade para pessoas em situação de rua no Programa Minha Casa, Minha Vida, anunciada na mesma ocasião. É um passo importante rumo a uma sociedade que acolhe, cuida e transforma.