5 de setembro é dia de celebrar a Amazônia. Criada com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a importância do bioma e toda a sua biodiversidade para o planeta, a data é anualmente comemorada. O dia escolhido faz referência ao 5 de setembro de 1850, quando Dom Pedro II decretou a criação da Província do Amazonas, hoje Estado do Amazonas.

A Amazônia Legal, área que compreende cerca de 5,5 milhões de quilômetros apenas de floresta, é composta por 9 estados brasileiros. Além do Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia e Tocantins, estados da região norte do Brasil, Maranhão e Mato Grosso também fazem parte do bioma. Na América do Sul, outros 8 países também estão nesse conjunto, são eles Suriname, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela, Colômbia, Peru e Equador.

O grande volume de água é destaque da região. Na Amazônia são cerca de 7 milhões de quilômetros de extensão de rios, onde destacam-se como mais conhecidos o Amazonas, o Negro, o Madeira, o Xingu e o Tapajós.

 

Tempo de celebrar

Para o religioso e missionário, Ir. João Gutemberg, que também é membro da equipe de Formação e Métodos Pastorais da REPAM, o dia 5 de setembro pede um olhar contemplativo sobre a Amazônia. “Observarmos suas realidades, nos alegrarmos com esse grande patrimônio, social, biológico, humano, paisagístico, fonte de vida para toda a humanidade. Quanto mais tivermos esse olhar de observação, de contemplação, de admiração, mais nós vamos nos alegrar e, consequentemente, cuidar dessa maravilha de Deus para a humanidade”, afirmou Gutemberg.

 

De acordo com Moema Miranda, assessora da REPAM, é dia de defender e construir uma casa comum mais jutas, mais generosa e mais florestal. “É uma comemoração essencial. Primeiro de tudo pela vida, a Amazônia segue viva, segue forte, segue em pé, resistindo à ataques, à colonização, a projetos que destruiriam a floresta e tornariam o nosso planeta muito mais difícil para todos nós habitarmos”, destacou Moema.

 

 

Nem tudo são flores(tas)

Para a professora da Universidade Federal de Roraima e assessora da REPAM, Márcia Oliveira, nem tudo é motivo de celebrar com alegria. É um dia para celebrar as lutas, as vitórias e as conquistas dos povos tradicionais que vivem na Amazônia, mas de reconhecer também as fragilidades e ataques sofridos pela Amazônia. “É também celebrar as lutas e resistências dos povos dessa região contra os grandes projetos que destroem esse território. É reconhecer que a Amazônia vive uma profunda crise nesse momento, uma crise ecológica, crise humana por causa de uma intervenção externa que vem trazendo muita destruição para essa região”, completou a professora.

 

Segundo pesquisa do Imazon, divulgada no final do mês de agosto, de agosto de 2017 até julho de 2018, o Sistema de Alerta de Desmatamento/SAD detectou 778 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. De acordo com a pesquisa, considerando somente os alertas a partir de 10 hectares, houve aumento de 27% em relação a julho de 2017, quando o desmatamento somou 544 quilômetros quadrados. Os estados do Pará, Mato Grosso e Amazonas concentraram quase todo o desmatamento na Amazônia e a destruição, de acordo com o Instituto foi maior em áreas privadas.

 

Um sínodo para comemorar e conscientizar

Em outubro do ano passado o Papa Francisco convocou um Sínodo especial para refletir sobre a Amazônia. Programado para ocorrer em outubro de 2019, o grande encontro da Igreja já mobiliza grupos, comunidades, pastorais e movimentos em toda a Pan-Amazônia que, nesse momento, realiza diversas escutas dos povos para elaborar o documento que irá subsidiar os bispos durante as discussões, em Roma.

Para a Ir. Maria Irene Lopes, assessora da Comissão Especial para Amazônia/CEA da CNBB e secretária executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil, a realização das assembleias territoriais, os momentos e atividades de escuta têm sido uma grande oportunidade de se conhecer melhor a região, seus gritos e seus clamores. “E nesse ano, será com certeza, um dia de maior conscientização para nós e para todas as pessoas que estão na Amazônia”, destacou Ir. Maria Irene.

 

De acordo com Pe. Dário Bossi, religioso comboniano e assessor da REPAM, desde o lançamento do Sínodo pelo Papa, é tempo de se celebrar a Amazônia, mas também é preciso ter atenção aos dois projetos que estão em conflito na região. “É urgentíssimo voltar a oferecer aos povos da Amazônia a possibilidade de definir o seu próprio projeto, a sua própria história e também de se defender das agressões que estão vindo de projetos alheios, especialmente os grandes projetos do capital. Isso significa defender o direito à terra e ao território”, afirmou Dário.

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