Notícia

No segundo dia da Semana de Estudos Amazônicos – SEMEA a proposta era Amazonizar São Paulo e isso significou ir ao encontro das pessoas em diferentes espaços para além da Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros (FEI). A comitiva da Amazônia formada por mais de 60 pessoas, entre povos originários, ribeirinhos, quilombolas e lideranças das cidades amazônicas em pequenos grupos, visitou obras e serviços da Companhia de Jesus na capital paulista.

As visitas fazem parte das dinâmicas colaborativas da SEMEA e ofereceram espaços de musicalidade amazônica, processos educativos, cine fóruns, rodas de conversa e painéis de apresentações.

O projeto OCA (Oficinas Culturais Anchieta) – ação social do Pateo do Colégio – e o Colégio São Francisco Xavier – receberam a oficina de musicalidade amazônica com a assessoria do compositor e músico do grupo Raízes Caboclas, Eliberto Barroncas; da liderança indígena, musicista, escritora e poetisa Márcia Kambebae da cantora Thalia Sarmanho (Beija flor de Mãe Preta). Na oportunidade, foi apresentado alguns dos sons da Amazônia por meio de instrumentos próprios da cultura da região e músicas indígenas e de regionalismo ancestral.

O Colégio São Luiz Gonzaga recebeu a visita dos membros do Guardiões Ribeirinhos que dinamizou momentos de apresentação da Amazônia a partir do trabalho que realizam em Macapá (AP), no projeto formativo de conscientização para a preservação da exploração sustentável dos recursos naturais. Além disso, propuseram uma apresentação teatral repercutindo alguns símbolos da natureza, como a água e as florestas. A ideia permitia pensar a reconexão do humano com o meio ambiente, da interligação entre eles para um apelo de cuidado e proteção da Amazônia. O encontro reuniu mais de sessenta estudantes do ensino médio.

Outro espaço que recebeu o evento da SEMEA foi o Centro Santa Sé, no qual o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares) promoveu uma experiência formativa, sensorial e mobilizadora com os educandos e educadores da instituição. Inicialmente o Sares apresentou a sua missão, explicou sobre ecologia integral, e em seguida provocou para uma experiência sensorial com o pau de chuva (instrumento amazônico). Mary Nelys, analista social, comentou que “naquele momento os educandos eram as árvores e o pau de chuva simulava os rios voadores da Amazônia. A ideia era que eles pudessem perceber a importância de preservar a floresta, promover e lutar pelo reflorestamento, pois os rios voadores nascem na Amazônia, mas são responsáveis por distribuir chuvas por todo Brasil e países vizinhos.” A integração terminou com uma caminhada ecológica até um espaço arborizado dentro da Instituição.

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – CCA Fé e Alegria Jardim Shangri-Lá recebeu o grupo de educadores do Wika Kwara que realizaram uma intervenção artística voltada ao meio ambiente, ressaltando a beleza e importância da natureza. Ali próximo a instituição, a menos de 2 quilômetros, existe a APA Capivari Monos, um lugar de natureza que possibilitou fazer uma reflexão de proximidade e bem comum.

Na sede da ANEAS (Associação Nobréga de Educação e Assistência Social) aconteceu o painel institucional “Amazônia, uma missão, uma preferência: presenças, perspectivas e desafios” com os colaboradores dos escritórios administrativos da Província dos Jesuítas do Brasil. A atividade reuniu o Delegado para a Amazônia, Pe. David Romero, SJ; o Secretário de Justiça Socioambiental, Pe. Jean Fábio Santana, SJ; o Diretor do Sares, Pe. Sílvio Marques, SJ; e Juscélio Pantoja, Diretor do Centro Alternativo de Cultura (CAC). Participaram mais de 80 colaboradores (presencial e virtual). Foram realizadas apresentações sobre a estrutura de governo da província na perspectiva daqueles que têm uma ação mais pautada para as questões socioambientais e também se deu a conhecer os trabalhos sociais de obras inseridas na Amazônia.

À noite, no espaço do Centro de Juventudes Anchientanum ocorreu uma roda de conversa com convidados do sudeste e da Amazônia. Cada um falou da sua experiência com a Amazônia desde o lugar de onde estão. A partilha foi feita por: Suziane Brito (ex-colaboradora do Espaço MAGIS Manaus), Gustavo Lino (colaborador do Anchietanum), Beatriz Moura (antropóloga amazônida), Pe. Silas Silva, SJ, (Assessor da Pastoral Universitária de Roraima). A atividade iniciou e começou com uma mística de semeadura e foi um espaço de potência e cuidado com a vida das juventudes. Suziane abriu o coração sobre o seu processo de transformação por meio do reconhecimento de ser mulher amazônida negra. Beatriz refletiu sobre a Amazônia e compreende que se ela precisa ser salva, não será ‘um salvador’ de fora que fará isso. Fez uma crítica sobre o olhar colonialista e predatório de quem não a entende desde dentro. Gustavo, partilhou sua experiência no MAGIS Puxirum, um projeto de inserção sociocultural na Amazônia que mudou sua forma de enxergar as pessoas e de compreender o que é cidadania de fato. Pe. Silas, comentou seu trabalho na pastoral e o acompanhamento de jovens.

Na FEI as atividades continuaram

Foram realizados  dois Cines Fóruns com os discentes. Em seguida, a partir dos filmes “A fome” e “Amazônia: a nova Minamata?”, os professores mediaram uma roda de conversa sobre justiça socioambiental. Os apelos que surgiram durante as cenas foram a oportunidade para refletir questões ambientais, a importância do humano no processo de cuidado com o meio ambiente e o contexto de sofrimento que estão submetidos os povos da floresta. Participaram da atividade mais de 80 estudantes.

Semea na Audiência da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – ALESP

Na ALESP, à noite, ocorreu uma audiência pública proposta pelo deputado Simão Pedro sobre a Amazônia e a 5ª Semea. O Pe. Jean Fábio, Secretário de Justiça Socioambiental e o Pe. David Romero, Delegado da Preferência Apostólica Amazônia (PAAM) dos Jesuítas do Brasil estiveram na mesa junto com a liderança indígena Marcivana Sateré Mawé da coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e entorno (Copime), Benedito Alcântara da coordenação do Projeto Guardiões Socioambientais e Patrícia Cesare da Pastoral da Ecologia Integral da Diocese de Mogi das Cruzes (SP).

As falas evocaram a proteção da Amazônia, a importância dos sonhos do Papa Francisco sobre o cuidado da Casa Comum para a promoção de um novo olhar e um novo modo de pensar a Amazônia sobre a importância não só para a região como para o mundo.

Dificuldades e enfrentamentos do trabalho que realizam no território, no contexto de defesa e cuidado, também foram trazidos na audiência.

As pessoas que acompanhavam a audiência provocavam a mesa sobre situações comuns de violência que sofrem os defensores da natureza curiosos para saber como se lida com situações desse porte.

Entre as perguntas que surgiram na audiência, falava-se sobre como a política no Brasil, os Poderes e as representações do Estado têm pensado ações concretas de cuidado e proteção da Amazônia.

Juscélio Pantoja do Centro Alternativo de Cultura (CAC) e Suzelene Carvalho da Copime também puderam apresentar falas durante a audiência e sugeriram um pedido: um olhar de cuidado para com o território amazônico.

Foram mais de 3 horas de debate que proporcionou troca de saberes e que provoca a cidade de São Paulo a se repensar politicamente nesse cuidado com a Amazônia.

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