Por Rosa M. Martins
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Comissão Episcopal Especial para a Amazônia (CEA), a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) e o Movimento Laudato Sì, lançaram na manhã desta quinta-feira, 03 de novembro, na sede da CNBB, em Brasília, DF, o Documentário “A Carta”, um filme que explora a Carta Encíclica do Papa Francisco, “Laudato Sì”, com o objetivo de transmitir e levar a todo mundo o apelo sobre o cuidado do planeta. Não obstante aos apelos de Francisco relatados na Encíclica, a crise ambiental do Planeta se agravou drasticamente.
De acordo com o Secretário Geral da CNBB, dom Joel Portela Amado, em sua fala de abertura, o Documentário se refere à construção de um mundo diferente deste que está aí diante de nós e que não se trata de um filme apenas ecológico, social. “O Papa Francisco há dez nos atrás já chamava a atenção para os refugiados climáticos em suas travessias no Mediterrâneo. Não estamos satisfeitos com a globalização da indiferença”, afirmou.
Ainda segundo dom Joel, quando se dedica ao debate das mudanças climáticas e da crise ecológica, a Igreja, que é sal, luz e fermento, e que tem uma longa história a partir da Rerum Novarum (com o compromisso social) e a partir da Laudato Sì, se une o compromisso ambiental fazendo com que surja uma consciência socioambiental. “A grande esperança é que esse Documentário seja mais um instrumento usado pelas comunidades, escolas católicas e movimentos para que se tome consciência e se faça alguma coisa, mesmo começando de uma pequena atitude que mude o ambiente.”
A secretária executiva da REPAM-Brasil, Irmã Maria Irene Lopes, por sua vez, com a Carta Encíclica Laudato Sì em mãos, lembrou que nela Papa Francisco convoca a todos para o cuidado com o Planeta, Casa Comum, uma carta endereçada a todas a religiões. Ressaltou o parágrafo da mesma onde Francisco recorda a louvação de São Francisco de Assis que “compara a natureza a uma irmã com quem compartilhamos a existência e uma boa mãe que nos acolhe em seus braços. Ela nos sustenta com variados frutos e flores coloridas e folhagens suaves. Louvados sejas!”.
Presente no evento, um dos protagonistas do filme, o chefe geral do território indígena Maró, no Pará, Cacique Odair “Dadá” Borari, enfatizou que a preservação da Amazônia para o povo indígena é um pensamento coletivo e não individual e que assim como a Igreja física se torna a casa para os católicos, também a floresta para eles. “Ela é a nossa casa e a terra nossa mãe na qual lançamos a semente e ela faz germinar”. E acrescentou que “temos pessoas que pensam ao contrário, mas têm consciência que tudo que estão fazendo é irregular, mas a preocupação é o lucro, nós estamos preocupados com o futuro”.
Por causa do lançamento do filme, Borari permaneceu um mês fora do Brasil, viajando por Inglaterra, Bristol e Amsterdam. Ao retornar, sua comunidade teria lhe questionado sobre o quanto de euro havia trazido consigo. Respondeu que “meu objetivo era levar a nossa voz, que não é ouvida, para a comunidade internacional. Não podemos pensar curto, não podemos preocupar com o agora, não quero que a sociedade, indígena, quilombola, extrativista escreva sobre madeira de lei”, afirmou.
Segundo o cacique “cada pessoa precisa entender que esse documentário é uma semente de esperança e se conseguimos fazê-la brotar e crescer, ela dará fruto, o qual dependerá de cada um de nós, uma semente que tem que ser cuidada por todos e todas”, enfatizou.
O lançamento contou com participação do secretário geral da Conferência Dom Joel Portela Amado, a secretaria executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), o protagonista do filme e chefe geral do território indígena Maró, no Pará, Cacique Odair “Dadá” Borari, a Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil (CRB Nacional), adolescentes de escolas católicas do Distrito Federal e do Centro de Convivência e Fortalecimento dos Vínculos “Correndo Atrás de um Sonho”, colaboradores e assessores da entidade e o procurador geral da Republica e assessor da REPAM-Brasil, Felício Pontes.
Sobre o filme
O filme é uma realização do Dicastério para Comunicação e o Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, do Vaticano, produzido pela “Off the Fence Productions”, vencedora de um Oscar, sob direção do cineasta Nicolas Brown e com a colaboração do Movimento Laudato si’.
O Documentário transcorre com um diálogo entre o Papa Francisco e uma variedade de vozes defensoras do Meio Ambiente incluindo um líder indígena, um refugiado climático, um ativista juvenil e um grupo de cientistas.
Assista ao documentário
Como franciscana, jamais vou deixar de apoiar , assinar e fazer o impossível para salvar a mãe Terra
Parabéns, iniciativa nota 10!