Cerca de 2000 mulheres indígenas de aproximadamente 300 etnias diferentes marcharam hoje (13) pelas ruas da capital do país. Organizado Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a APIB, a primeira marcha das mulheres indígenas faz parte da programação do Fórum Nacional de Mulheres Indígenas que está sendo realizado em Brasília desde o dia 9 e segue até amanhã.

Território: nosso corpo, nosso espírito foi o tema da caminhada que teve inicio na frente da Funarte, onde está localizado o acampamento das mulheres, e seguiu pela esplanada dos ministérios até a frente do congresso nacional. Lá elas se uniram ao protesto contra o contingenciamento de verbas para a educação. Música, dança e gritos por direitos à educação, à saúde e ao território ecoaram ao longo de toda a Esplanada

Akuñaçagué Kayabi veio do Mato Grosso, do território Xingu, para participar das atividades. Para ela, a primeira Marcha das mulheres indígenas é uma oportunidade de dar voz aos gritos por saúde, educação e território. “Cada vez mais o nosso atendimento está pior, dentro e fora das comunidades indígenas. Muitas crianças estão morrendo. A importância dessa marcha é lutarmos pelos nossos direitos, pela nossa educação, pela nossa saúde e pela terra que é a mais importante para a nossa resistência”, conclui Kayabi.

Visbilidade à mulher indígena, aos seus problemas e seus sonhos foi o que motivou Edilena Krikaty a sair do Maranhão para a Marcha em Brasília. “Mostrar a mulher indígena, seus problemas e, nesse processo que estamos vivendo agora de Brasíl, é importante as mulheres indígenas se posicionarem, afirmou Edilena.

Simone Karipuna, uma das coordenadoras executivas da articulação dos povos  e organizações indígenas do Amapá e Norte do Pará também participou da Marcha. Segundo ela, o ato é um grito de denúncia e um pedido de socorro. “Essa marcha significa território, nosso corpo, nossa alma. As mulheres indígenas têm uma importância imensa para esse planeta. É ela que trabalha e cuida de todo o território indígena. E nós, nesse momento, viemos chamar a atenção do Brasil e do mundo para o que a gente tá sofrendo no nosso território, que é invasão, que é morte das nossas crianças, dos nossos guerreiros e das nossas mulheres”, destacou Simone.

Karipuna lembrou, ainda, das perseguições e violações de direitos que, nas últimas semanas, vêm sofrendo os Wajãpi no Amapá. “O grito, aqui, vem se somar aos dos povos de todo o Amapá e norte do Párá, em especial aos Wajãpi, que hoje estão com seu território invadido, com as mulheres e crianças correndo todo o tempo preocupadas com a garantia da sua vida, de manter a segurança dentro de sua casa, dentro de seu território”, denunciou a liderança indígena.

O Fórum Nacional de Mulheres Indígenas segue até essa quarta-feira (14). Pela manhã, as participantes da atividade se unem às mulheres que estão em Brasília na Marcha da Margaridas.

 

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