Sou Maria Petronila Neto. Nasci no dia 02 de outubro de 1975 no Seringal denominado “Palestina”, no alto Rio São Miguel, na época, município de Guajará-Mirim, RO.

Em um grupo de dez irmãos, (sete mulheres e três homens), sou a oitava. Meus pais, senhor Américo Francisco da Silva, cearense que migrou para a Amazônia em 1944 como “soldado da borracha”, e dona Maria Madalena da Silva, filha de seringueiros. Eles se conheceram em 1949 e se casaram, por ocasião de uma desobriga, no dia da festa do anúncio do anjo Gabriel à nossa Senhora, dia 25 de março de 1950, no pátio do barracão do seringal Jaci-Paraná, município de Porto Velho. Os dois deram o seu sim e selaram o matrimônio e, com a graça de Deus, completarão 70 anos de casados no próximo dia 25 de março, em 2020.

Para falar de minha vocação de leiga missionária aqui neste chão da Amazônia, precisamente em Rondônia, tenho que mencionar estes dois baluartes em minha vida que, mesmo analfabetos, buscaram em nossa Senhora e no Senhor Divino Espírito Santo, os quais todos nós somos devotos, a sabedoria e os ensinamentos necessários para criar e educar seus dez filhos/as, seus 25 netos, 27 bisnetos e 06 tataranetos.

Morando nos seringais, éramos privados da eucaristia, recebíamos visita das desobrigas uma vez ao ano. Porém, me lembro, desde criança, das rezas do terço em famílias e dos tríduos por ocasião dos festejos dos santos padroeiros, entre eles São Francisco de Assis, São Pedro, São João Batista, São Sebastião, Nossa Senhora Aparecida, Santa Luzia, Nossa Senhora da Conceição dos Seringueiros. Lembro-me ainda da grande devoção à terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Divino Espírito Santo.

Foram esses ensinamentos que alimentaram minha fé, meu ardor missionário de sempre me colocar a serviço dos irmãos e irmãs mais empobrecidos. Desde jovem, sempre busquei servir àqueles que mais precisavam, dedicando-me ao trabalho pastoral junto as pastorais sociais e as comunidades eclesiais de bases. Atuei na PJ, na catequese, no Conselho Indigenista Missionário/Cimi e, desde 2012, estou na Comissão Pastoral da Terra /CPT.

Dentre os meus diversos serviços vocacionais, como cristã leiga, destaco em primeiro lugar, o trabalho missionário junto aos povos indígenas, dos anos de 2002 à 2011, na Diocese de Guajará-Mirim. Ali vivi uma presença solidária junto aos povos indígenas, colocando-me na escuta de seus clamores, respeitando seus costumes e espiritualidades, buscando ser fermento na massa e respeitando seus protagonismos. Em segundo lugar, destaco o serviço dedicado aos pequenos agricultores, aos trabalhadores rurais sem terra e às comunidades tradicionais, dentre elas, quilombolas, ribeirinhos e seringueiros, por meio da CPT. Nestas experiências, dentre tantas situações de injustiças, está a fé do povo, a resistência e a confiança no Deus da Vida que caminha junto com seu povo. Aprendemos mais do que ensinamos, presenciei por inúmeras vezes os  ensinamentos de Jesus: o amor e a caridade.

 Divino Companheiro do caminho, Tua presença sinto ao longe, a transitar. E de mim se vão todas as coisas, ajuda-me, ajuda-me até chegar. Fica Senhor, já se faz tarde. Tens meu coração para pousar. Faz em mim, morada permanente, fica Senhor, fica Senhor, meu Salvador. (cântico dedicado a festa do Senhor Divino Espírito Santo no Vale do Guaporé – RO)

Nossa Senhora dos Seringueiros! Rogai por nós; Divino Espírito Santo! Iluminai-nos; Divino Espírito Santo! Iluminai-nos; Divino Espírito Santo! Iluminai-nos.

 

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