Atos de rua devem marcar o Dia da Amazônia, 05 de setembro, em pelo menos oitos estados brasileiros e em seis países da América Latina e Europa. Mobilizações virtuais também estão previstas para o domingo e segunda, 06.
No próximo domingo, 05, data em que é celebrado o Dia da Amazônia, a Articulação das CPT’s da Amazônia e a Proteja Amazônia programam uma série de mobilizações, com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), para sensibilizar e a alertar a sociedade sobre o que vem impactando o território amazônico, como conflitos agrários, desmatamento ilegal e incêndios criminosos.
Os atos ocorrerão nos estados amazônicos de Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Também estão previstas ações em São Paulo e no Distrito Federal, neste em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Articulação Nacional das Mulheres Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga). Outros países da Pan-Amazônia, como Peru, Colômbia, Equador e Bolívia também preparam ações de mobilização para a data. Na Europa, há as confirmações de atos na França e na Alemanha.
Para Darlene Braga, coordenadora da Articulação e agente da Pastoral no Acre, “o amanhã da Amazônia é agora” porque o “sonho de conservação e de respeito aos povos e comunidades amazônidas é um sonho comum. A resistência das guerreiras e dos guerreiros, das guardiãs e dos guardiões da floresta é o que nos une e o que nos faz esperançar. Esse momento é de ter esperança e de, sobretudo, agir”.
Conflitos
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), criada há quase cinco décadas em resposta às graves violações de direitos e situações de exploração de trabalhadores rurais, peões e posseiros, sobretudo na Amazônia, registra e denuncia, ano a ano, os dados de conflitos no campo em todo o território nacional.
E essa é a região que tem concentrado grande parte dos conflitos. Em 2020, foram registrados 1.608 “Conflitos por Terra” no Brasil envolvendo 171.968 famílias. Destes, 62,5% ocorreram na Amazônia Legal (1.001), considerando todos os estados da região Norte, além de parte do estado do Maranhão e todo o estado do Mato Grosso. A região também responde por 61% do total de famílias envolvidas em conflitos por terra (104.428).
Ainda segundo a CPT na Amazônia Legal, ocorreram a 83% do total de assassinatos registrados em 2020. Também foram contabilizadas 35 tentativas de assassinatos no país, sendo 46% delas na Amazônia.
Boa parte das demais violências também concentra-se no território amazônico: 102 do total de 159 ameaças de morte; 06 das 09 pessoas torturadas; 50 das 69 pessoas presas; 39 das 54 pessoas agredidas e 08 das 09 mortes em consequência de conflito.
Em 2020, a CPT passou a registrar os casos de pessoas que sofreram criminalização. Em todo o Brasil, 83 pessoas foram criminalizadas no contexto de conflitos no campo. Destas, 65 são da Amazônia, o que corresponde a 78% do total.
Fogo
Outra problemática enfrentada ano a ano neste solo é o uso criminoso do fogo. Segundo dados atualizados na última terça-feira (31), o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou, no mês de agosto, 28.060 focos de queimadas na Amazônia.
Esse número de focos está acima da média histórica para o mês, que é de 26.663. E este é o terceiro maior índice para o período desde 2010, perdendo apenas para 2019, com 30.900, e 2020, quando registrou-se 29.307.
Ao analisar os dados por estado, o Amazonas encabeça o ranking, com 8.588 focos, o que representa 30,6% do total. O número fez o estado bater o recorde histórico para o mês entre as demais unidades da federação.
Fonte: Elvis Marques – Articulação das CPT’s da Amazônia/Proteja Amazônia