Participantes do I° Ajuri Amazônico publicaram hoje (09/07) uma carta princípios, resultado da semana de estudos e reflexões sobre Sínodo para a Amazônia. Compromisso com os povos da floresta, com a realidade urbana, com o protagonismo das mulheres e com o bem viver estão entre os 12 itens elencados pelo grupo de 80 participantes da atividade.

Inspirado na proposta do Curso de Verão, organizado pelo Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular/CESEEP de São Paulo, o Ajuri foi realizado entre os dias 01 e 07 de julho, no Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia/ITEPS, em Manaus, e buscou aprofundar a reflexão sobre o Sínodo nos campos bíblico, teológico, pastoral, sobre as questões ecológicas e sociais emergentes, por meio da metodologia da Educação Popular.

“O Ajuri marca historicamente nosso fazer conhecimento e nosso fazer teológico de modo participativo, dentro de uma metodologia descolonial, para que possamos amazonizar nossa vida e nossas realidades sociais, políticas e eclesiais”, afirmou o padre Ricardo Castro, assessor da REPAM-Brasil, diretor do ITEPES e um dos coordenadores do Ajuri. Ele destacou, ainda, a importante participação dos jovens, das mulheres e dos itinerantes da Amazônia nessa atividade que, de forma popular e lúdica, propiciou um grande aprofundamento. “Com as sabedorias indígenas e com a luta das mulheres inauguramos o novo da história em meios aos desafios de nosso tempo”, concluiu padre Ricardo.

Lidiane Cristo, do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental/SARES, também organizadora do evento, destacou a pluralidade de experiências dos participantes do Ajuri, bem como as partilhas de desafios e esperanças que foram levadas. “Acreditamos que o Curso de Verão Ajuri Amazônico foi espaço de diálogo, diversidade, integração, troca de conhecimento e, sobretudo, lugar onde foi possível aprofundar as questões mais relevantes sobre a Amazônia”, afirmou Lidiane.

Os sete dias de atividades foram divididos em seis temas e vinte e quatro oficinas. O Ajuri Amazônico foi organizado pelo ITEPES, Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil, Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental/SARES, Faculdade Dom Bosco, Arquidiocese de Manaus, Comunidades Eclesiais de Base/CEBs e Centro de Estudos Bíblicos/CEBI.

Leia o texto da Carta de Princípios do Iº Ajuri Amazônico:

 

Carta de Princípios do 1º Ajuri Amazônico – 01 a 07/07/2019

Nós, participantes do 1º Ajuri Amazônico, daqui das margens do Rio Negro, no coração da Amazônia, saudamos com afeto as Irmãs e Irmãos da Amazônia e do Brasil, que sonham conosco com novos céus e nova terra, nas trilhas do Sínodo para a Amazônia, de atuar como Igreja Sinodal cuidando de maneira respeitosa e amorosa toda a criação!

O Curso teve seus aspectos históricos, de como iniciou o projeto do primeiro Curso Ajuri Amazônico, que significa mobilização ou mutirão Amazônico. A inspiração desse curso veio do Curso de Verão de São Paulo, sendo que a proposta do Ajuri foi sete dias, que foram divididos em seis temas e vinte e quatro oficinas, dentro da metodologia da Igreja católica, o Ver, Discernir e Agir. O Curso teve por objetivo: aprofundar a reflexão sobre o Sínodo para e com a Amazônia no campo bíblico, teológico, pastoral, sobre as questões ecológicas e sociais emergentes, privilegiando-se a metodologia da Educação Popular.

Nós do Curso Ajuri Amazônico, nos comprometemos:

  1. Com os povos da floresta, a conhecê-los e apoiar suas lutas, porque são eles que protegem nossas matas e são os verdadeiros guardiões e guardiães da floresta;
  2. Com a Amazônia urbana, pois queremos trabalhar juntos com as comunidades, as políticas públicas urbanas como planejamento, saneamento básico, saúde, educação e os processos migratórios;
  3. A partir deste Ajuri, queremos resgatar, reler e compreender para melhor atuar, a memória histórica do Brasil e da Amazônia. Beber desta história de resistência contra a servidão e a escravidão, como foi a Cabanagem. Precisamos adentrar na compreensão e vivência das Mitologias Indígenas e na dinâmica de vida de nossos povos, para cultivar e aprofundar uma espiritualidade indígena e cristã;
  4. Queremos ser uma Igreja com um jeito Amazônico, que o Papa Francisco sonha com a gente;
  5. Convocamos todas as juventudes da Amazônia, para a participação cidadã na luta por políticas públicas adequadas e efetivas que respondam as necessidades no âmbito da saúde, educação, emprego e segurança;
  6. Propiciar a juventude possibilidade de se educar para um protagonismo na busca de soluções na área eclesial e social, tendo a arte como um dos meios para gerar consciência e processos emancipatórios;
  7. Comprometemo-nos também a ver e escutar as juventudes, principalmente as juventudes indígenas;
  8. Queremos, a partir desse Ajuri, nos comprometer com o protagonismo das mulheres que vêm assumindo seu lugar de fala na Igreja e na sociedade, que sejam reconhecidas e valorizadas em suas ações e projetos emancipatórios;
  9. Fazer uma leitura bíblica que reconheça a terra, como herança de Deus, terra de todos e todas nós. Essa Terra que é a nossa grande Maloca. Isso significa apoiar e se fazer presente nos movimentos de cuidados (com amor) dos territórios simbólicos e de vida para os povos urbanos e ribeirinhos;
  10. A crescer e cultivar uma teologia e uma espiritualidade a partir das relações complexas da vida, das interdependências e das redes que nos ajudam a compreender que o ser humano é a própria terra, que supere espiritualismo individualista e nos ajude a tecer comunidades cristãs mais ecológicas. Deixemo-nos Amazonizar;
  11. Com a Ecologia da Laudato Sí, perceber a Florestania dentro de nós, para olharmos melhor o compromisso com a Ecologia Ambiental, Ecologia Econômica (respeitando o processo de descanso da Terra), Ecologia Social, Ecologia Cultural e Ecologia Urbana;
  12. Com o princípio do bem viver, bem comum e da justiça.

AMÉM! AXÉ! AUERE! ALELUIA! ALELUIA! ALELUIA!

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