Com o sínodo, “nasce um novo sujeito eclesial, que é a Pan-Amazônia, a quem o papa quer oferecer um projeto de pastoral específico”, afirmou o arcebispo emérito de São Paulo/SP e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM, cardeal Cláudio Hummes. Na tarde desta quarta-feira, dom Cláudio, partilhou sobre a sua participação na reunião do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB, que ocorre em Brasília desde terça-feira, 20, até esta quinta, 22.

O cardeal falou aos bispos sobre o processo de preparação do Sínodo Especial para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco para outubro do próximo ano, com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Também provocou uma reflexão de como a Conferência Episcopal deve estar envolvida neste processo. Em sua exposição, dom Cláudio, que é presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB, também ressaltou pontos positivos em relação ao sínodo e seus frutos para a Igreja na região.

Um terço dos regionais da CNBB está na região Amazônica. Isto significa, de acordo com o cardeal Hummes, que seis regiões episcopais da Igreja no Brasil estão dentro deste “novo sujeito eclesial, que é a Pan-Amazônia”, a quem o papa Francisco pretende oferecer um novo projeto de pastoral de conjunto e missionário específico. Neste processo, a proposta pastoral até agora definida em âmbito nacional pela CNBB dará lugar a um projeto que envolve outras conferências episcopais.

“A CNBB, aqui no Brasil, digamos, não terá toda essa responsabilidade de definir a pastoral porque terá um outro plano de pastoral de conjunto, como a Conferência de Aparecida disse, que para a Pan-Amazônia é necessário encontrar um plano de pastoral de conjunto diferenciado. Agora está se apresentando isso”, explica.

O presidente da REPAM destaca a positividade nesta “descentralização”: “Como o que o papa diz, nós precisamos dar responsabilidades locais, regionais e não centralizar tudo, porque a centralização ajuda de uma certa forma, mas pode inibir qualquer criatividade e diferenças, que muitas vezes não são trabalhadas em uma conferência nacional”.

O convite é para apoio e trabalho em conjunto. “É claro que sempre fará parte da CNBB a nossa Amazônia, mesmo com um próprio plano de pastoral que inclui também outras conferências. Mas é preciso procurar entender isso e ver não como alguma coisa que atrapalha. Não. É um passo avante que nos ajuda a sermos Igreja que aceita as diferenças e a diversidade”.

Participação e temores
O cardeal Cláudio Hummes também comentou do processo de escuta e de assembleias territoriais que acontece em toda a Pan-Amazônia. “Realmente estamos muito felizes na forma como o povo quer participar. Em todo lugar, até de fora da Amazônia há um grande interesse”, contou.

Por outro lado, temores se apresentaram, mas dom Cláudio tranquiliza.

“E, claro, também há certos temores, até do Estado, da política brasileira e dos outros países. Mas ali não precisa ter temor nenhum, porque a Igreja não está querendo de forma nenhuma promover ali uma nova nação, um novo país, não. A Igreja fica como está, mas temos que saber trabalhar e estarmos interligados, respeitando as diferenças”.

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