A sinodalidade sempre foi um distintivo da Igreja de Manaus, algo que Dom Leonardo Steiner, Arcebispo da capital do Amazonas desde janeiro de 2020, apoiou e incentivou. De fato, ele convocou uma Assembleia Sinodal Arquidiocesana, que neste domingo 4 de setembro entregou ao povo de Deus o Instrumento de Trabalho que será trabalhado na Assembleia Sinodal, programada para o mês de outubro.
Foi nessa celebração na Catedral Nossa Senhora da Conceição que o “Cardeal da Amazônia“, um título que ele reconheceu gostar, pois entende seu cardinalato não como algo pessoal e sim em função do seu serviço na Igreja da região amazônica, à qual está tão ligado o Papa Francisco, foi acolhido pela Igreja de Manaus, um povo que não oculta sua alegria diante da uma nomeação que pela primeira vez na história tem um arcebispo de Manaus como protagonista.
Uma celebração onde se fez presente o clero, a vida religiosa, os leigos e leigas que lideram a vida das paróquias, áreas missionárias, comunidades, pastorais e movimentos na Arquidiocese. No início da celebração o cardeal foi acolhido por uma religiosa, um presbítero e um leigo em representação do povo de Deus, pedindo que continuasse sendo voz da Igreja da Amazônia, agora junto ao Papa Francisco.
Palavras acolhidas pelo novo cardeal com gratidão, que mais uma vez insistiu em que “eu entendo o cardinalato como serviço”. Ele lembrou sua família de 16 irmãos, destacando a figura do seu pai e sua mãe, pessoas de uma fé muito profunda, uma fé que agradece ter herdado no leite materno, uma fé que levou adiante através da sua vocação. Também lembrou e agradeceu por ter sido introduzido na espiritualidade de Francisco de Assis, “uma espiritualidade da gratuidade, do serviço”, que tem orientado sua vida.
Do mesmo modo que ele falou para as autoridades no evento do sábado 3 de setembro, o Cardeal Steiner disse ser “muito grato por todas as manifestações de carinho, de afeto, que tenho recebido, mas o que me alegrou mesmo foi ouvir de várias pessoas que mais uma vez o Papa Francisco se lembrou de nós”. Algo que leva o Arcebispo de Manaus a querer ficar “junto aos pequenos e pobres, e ajudar a que nossa Igreja seja cada vez mais sinodal”, uma forma de ser Igreja que reconheceu presente na Igreja da Amazônia ao longo da história.
Na homilia, Dom Leonardo começou fazendo um chamado a “sermos todos discípulos missionários, discípulas missionárias, povo de Deus”, indicando o que significa esse discipulado, que é “um aprender, um saber”. Isso significa, em palavras do cardeal, “ir com Ele para onde Ele o desejar, ir com Ele até a morte e morte de Cruz”. Ele insistiu em definir a Cruz como “uma tensão criativa, uma tensão libertadora”, chamando a assumir as tensões existências, as tensões da nossa cotidianidade, da nossa convivência, as nossas dúvidas de fé, não como frustração, mas como possibilidade, como chance a avançar sempre mais na fé.
O cardeal refletiu sobre o que significa fazer a vontade do Pai, desde o dinamismo da liberdade e da gratuidade de Deus, afirmando que “fazer a vontade do Pai é estar na dinâmica amorosa do Pai”. No mês de setembro, Mês da Bíblia, convidou a “ela sempre mais seja presente na nossa evangelização, na nossa ação pastoral, nos nossos encontros, nas nossas reuniões, sempre a Palavra como centro, porque é Jesus”, uma palavra que é instrumento de encontro e força de uma presença, segundo o Arcebispo de Manaus.
A Palavra foi quem guiou a caminhada sinodal na Arquidiocese de Manaus, segundo Dom Leonardo, que agradeceu a todos os que ajudaram na caminhada sinodal. Lembrando as palavras do Papa Francisco na missa com os novos cardeais no dia 30 de agostou, citou aqueles em que o Santo Padre disse que “a admiração é o caminho da salvação, e nos alertava para o perigo de nos sentirmos eminentes, a tenção de se sentir-se mais alto, de sentir-se eminentíssimo, de se sentir uma eminência”, que o Papa definiu como “o verme da mundanidade”.
Nessa perspectiva, o novo cardeal afirmou que “títulos não nos fazem mais filhos e filhas de Deus”, pedindo que “Deus me dê a graça da simplicidade”. Tudo isso na perspectiva da Palavra, especialmente neste mês de setembro, pedindo “nos ajude a descobrir a grandeza e tomar a Cruz sobre os ombros e caminhar, no meio das dificuldades, mas especialmente no meio das alegrias”.