A versão em português da carta pastoral “Discípulos Missionários Guardiões da Casa Comum: Discernimento à luz da Encíclica Laudato Si’” foi lançada pela Edições CNBB. O texto do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) é a contextualização para a realidade dos países da América Latina das preocupações apresentadas pelo papa Francisco na encíclica cuja proposta a toda a Igreja é a conversão à ecologia integral.
“Pela presente Carta Pastoral, os bispos latino-americanos, em comunhão com o papa Francisco, querem entrar em diálogo com todos acerca da nossa casa comum e, especialmente, sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta”, lê-se na apresentação.
Padre Dário Bossi, assessor da Rede Eclesial Pan-Amazônica e membro da rede Iglesias y Minería (organização que colaborou na construção da carta) explica que a encíclica Laudato Si’ tem sido “um marco determinante para a conversão ecológica na Igreja” e que a Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM bebeu desta fonte através dos seminários sobre o documento papal e das atividades em preparação ao Sínodo do próximo ano.
“Papa Francisco, desde o começo, quando escreveu esta encíclica, lançou um desafio para a contextualização deste texto em todos os continentes. Dessa maneira, o Conselho Episcopal Latino Americano (Celam) recolheu o desafio, constituiu um grupo de estudo, formado por teólogos pastoralistas, assessores especializados, e tentou se perguntar como a Laudato Si’ inspira e desafia a Igreja na América Latina: quais são as maiores ameaças à vida e ao meio ambiente”, explica padre Dário, recordando o processo de construção no contexto latino-americano. A carta foi publicada pelo Celam em abril de 2018 e agora é oferecida aos brasileiros traduzida em português.
O documento apresenta alguns desafios da realidade socioambiental nos países abrangidos pelo Celam e fala “de maneira muito explícita da Amazônia”, ressalta padre Dário. A carta, continua, “apresenta a mineração e o extrativismo como ameaças consistentes ao equilíbrio socioambiental do nosso continente e também denuncia o impacto dos grandes projetos, os planos das corporações e de seu capital, a responsabilidade dos Estados pela falta de licenciamento e fiscalização e o papel essencial da sociedade civil e das Igrejas no monitoramento, na denúncia, na reinvindicação e na busca de alternativas”.
Na publicação, é possível ainda conhecer “experiências significativas de esperança” que podem ser consideradas como referenciais para a construção de novos modelos de convivência com o meio ambiente. “Agora é preciso que a Igreja no Brasil e na América Latina organize uma estratégia capilar e comprometida de divulgação na Igreja e na sociedade desta carta”, sublinha Bossi. A REPAM, neste sentido, também deve se comprometer, uma vez que “o documento orientará o nosso trabalho e fortalecerá o trabalho da Igreja para a promoção da ecologia integral”