A data do Sínodo Especial para a Amazônia foi divulgada pela Secretaria do Sínodo na manhã desta segunda-feira, 25, após encontro do papa Francisco com os representantes da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM, que participam do Seminário Pré-Sinodal.

“A Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos comunica que o Santo Padre Francisco convocou a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica de domingo 6 a domingo 27 de outubro de 2019, para refletir sobre o tema ‘Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral'”.

Presidente e vice da REPAM, cardeais Hummes e Pedro Barreto | Foto: Synod.va

Em entrevista à jornalista Cristiane Murray, o cardeal Cláudio Hummes ressaltou o desejo do papa de “fundamentar bem cientificamente, teologicamente, biblicamente, culturalmente”, as reflexões e apontamentos colhidos no período de escutas sinodais. “Então este seminário aqui é realmente especializado para isso. Creio que será um bom contributo e também universaliza cada vez mais o próprio Sínodo, que deve ser também universal, mas em primeiro lugar diretamente para a Pan-amazônia, e tem sua repercussão universal”.

O secretário do Sínodo, cardeal Lorenzo Baldisseri, também concedeu entrevista sobre a proposta do evento: “O seminário em questão é uma das muitas iniciativas que a Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos está realizando para preparar adequadamente o Sínodo Especial sobre a Amazônia, que terá lugar em Roma em outubro próximo”, afirmou. Baldisseri também sinalizou que “o Sínodo, como sabemos, é em si mesmo uma Assembleia eclesial, que trata de questões relacionadas à evangelização e à presença da Igreja no mundo; não é um evento político”.

Tendo a Amazônia como o foco do caminho do Sínodo, a assembleia deve abordar questões que interessam também outras áreas do planeta, de acordo com cardeal italiano: “Basta pensar, por exemplo, nas questões ecológicas na Bacia do Congo, nas florestas tropicais do Pacífico asiático, da bacia Aquífera Guarani. Por essas razões, no Seminário estão interligadas a dimensão regional e universal, dando em primeiro lugar a palavra a quem é proveniente do território amazônico, que conhece por experiência direta, e depois ouvindo também outras vozes, chamadas a completar as perspectivas emergentes”.

Baldisseri também sinalizou os objetivos desta assembleia a partir do tema proposto.

Novos caminhos para a Igreja: “Iniciar novos caminhos para a Igreja significa favorecer o protagonismo da comunidade cristã, que sempre esteve a serviço das populações locais no trabalho de evangelização e de promoção humana. Reforçar o ‘rosto amazônico’ da Igreja exige uma renovação da estratégia de evangelização, um novo paradigma apostólico que saiba potencializar a presença cristã no território, não contando apenas com missionários externos: no passado, com congregações religiosas com o ius commissionis e, mais recentemente, com as formas de geminação de dioceses ou de ajuda com os fidei donum. Hoje, precisamos identificar novas formas de ação pastoral compatíveis com as necessidades das pequenas comunidades, muito distantes umas das outras, e ao seu interno extremamente originais.

E para uma ecologia integral: “Quanto à ecologia integral, trata-se de um tema muito abrangente que atinge profundamente a natureza e o homem, a criação e as criaturas que nela habitam. O Papa Francisco, na Encíclica Laudato sì, fala do Planeta Terra como ‘Casa Comum’ que dever ser defendida, protegida e preservada, com especial atenção aos povos indígenas, que mais sofrem o impacto dos efeitos devastadores de ações depredatórias que afetam as pessoas e o meio ambiente. Nesta realidade, o desafio do momento é encontrar um ponto de equilíbrio entre a necessidade legítima de progresso e o uso sustentável dos recursos naturais, tendo em conta a voz das populações locais, sem considerá-las recipientes passivos de decisões tomadas por outros.

São os brasileiros ou participantes que atuam no Brasil presentes no Seminário:

Dom Evaristo, Ir. Marie Henriqueta, Cristiane Murray, dom Alberto, cardeal Sergio da Rocha, padre Orivaldo, Moema, cardeal Hummes e dom Mário | Foto: Synod.va

  1. Cardeal Sergio da Rocha (Presidente da CNBB);
  2. Cardeal Cláudio Hummes (Presidente da REPAM);
  3. Padre Adelson Araújo dos Santos, docente de Espiritualidade na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma;
  4. Padre Orivaldo da Costa, sacerdote da diocese de Parintins com experiência pastoral com os índios Satarés;
  5. Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima;
  6. Padre José Raimundo Dos Santos Andrade Sales, doutorando em Teologia Patrística no Instituto Pontifício “Augustinianum”, Pontificia Universidade Lateranense;
  7. Irmã Marie Henriqueta Ferreira Cavalcante, membro da Comissão Justiça e Paz da CNBB Norte 2;
  8. Padre Thierry Linard de Guertechin, conselheiro do Observatório de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida/OLMA;
  9. Professor Guenter Francisco Loebens, Missionário do Conselho Indigenista Missionário/Cimi / Equipe de apoio aos povos indígenas livres (isolados);
  10. Professora Moema Marques de Miranda, secretária da Rede Igrejas e Mineração e coordenadora do Serviço Inter-franciscano de Justiça, Paz e Ecologia, assessora da REPAM-Brasil, Antropóloga, especialista em Espiritualidade Amazônica;
  11. Dom Evaristo Spengler, bispo prelado de Marajó/PA;
  12. Padre Francisco de Assis Taborda Costa, professor emérito de Teologia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte/MG, especialista em Teologia dos Sacramentos
  13. Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém/PA;
  14. Irmã Maria Inês Ribeiro, presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil/CRB
  15. Cristiane Murray, colaboradora da secretaria do Sínodo;

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios estão marcados *

Postar Comentário