Por Ariana Frós
Regional Nordeste 5
REPAM Brasil
Nascido com o objetivo de ser um curso de capacitação para o cuidado com a Casa Comum voltado aos adolescentes e jovens ribeirinhos, surge o projeto Guardiões Ambientais Ribeirinhos (GAR), no Furo do Chagas, Afuá, Pará. A iniciativa tem o apoio da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam Brasil).
O GAR faz parte de um projeto ainda mais amplo, ambos idealizados pelas irmãs Aldenice e Aldineia Monteiro. Para diminuir a ausência do Estado na região da Foz do Rio Amazonas, as irmãs investiram na criação de uma escola de ensino médio para que os jovens pudessem concluir o ensino regular. Assim, surge em 2015 o Instituto Educacional do Amapá (IEAP), uma escola particular de cunho social.
“Eu sou fruto da ausência do Estado. Eu não tive oportunidade de estudar na minha região. Eu precisei cruzar o rio e ir para o Amapá. E, por consciência disso, eu nutri o desejo de poder ofertar para a juventude ribeirinha a oportunidade de estudar. Por isso criamos uma escola particular de cunho social, onde a gente recebe ribeirinhos para que eles possam cursar o ensino médio e se encaminhar para o superior. Por isso todo nosso projeto político pedagógico é pensado na nossa realidade, ele nasce na perspectiva homem-natureza”, afirmou Aldenice.
Por uma conscientização ecológica
Soma-se às irmãs, o professor de estudos amazônicos e amapaenses, Benedito Alcântara. Ele mora em Macapá e é voluntário no projeto e articulador da Repam, onde desenvolve ações mensais. Segundo Alcântara, o projeto contribui na conscientização da defesa da Casa Comum em seu território original. “Gente simples em lugares distantes, isolados, mas que tem consciência de que estão contribuindo nessa articulação mundial em defesa da Casa Comum, e que também a gente tem a consciência de que nós não somos os melhores, e nem temos essa pretensão, mas a gente sabe que tem outros grupos que também fazem isso”, disse.
O projeto incentiva, entre outras atividades, a comunidade local na confecção de artesanato com reaproveitamento de troncos, sementes, fibras e talos. A primeira encomenda confeccionada pelas artesãs foram joias enviadas para a Itália, segundo relatou Aldeice Monteiro. “Dentro das oficinas de sustentabilidade com reaproveitamento de tronco e talas para as mulheres da região, hoje, elas olham para a semente e criam as suas joias. Isso nos deixa muito satisfeitos. A gente vê esse potencial de expandir para outras comunidades essas oficinas, e mostrar que é possível partir daquilo que nós temos, e aí a gente coloca em prática a sustentabilidade”.
Outra iniciativa do projeto é a construção de canteiros de compostagem, canteiros de medicina popular tradicional, campanhas de conscientização ecológica em escolas e igrejas. O projeto Guardiões Ambientais Ribeirinhos formou a primeira turma em 2019 com 45 cursistas. Mesmo com a pandemia, as ações foram acompanhas pelos canais digitais. Em 2021 retornou com a segunda turma, e em 2022 já está na terceira turma, com 50 cursistas.
O curso de capacitação oferecido pelo projeto Guardiões Ribeirinhos é composto por cinco módulos que duram entre 6 e 12 meses, e trabalham temas como o bem viver, educomunicação, a água, o bem comum e os direito fundamental da vida, mudanças climáticas e o impacto na vida ribeirinha, sistemas produtivos ribeirinhos e o princípio da abundância, e cozinha nativa.
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