Estiveram reunidas em Manaus/AM, entre os dias 20 e 21 de junho, integrantes do Eixo Igreja de Fronteiras da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil. Entre partilhas e planejamentos, a equipe se debruçou na preparação do Seminário Pan-Amazônico sobre Migração e Tráfico de Pessoas, que será realizado em 2020.
“Nós temos algumas grandes e graves problemáticas comuns na questão do eixo fronteiras”, destaca a religiosa Rose Bertoldo, que faz parte do eixo pela Rede Um Grito Pela Vida da Conferência dos Religiosos do Brasil/CRB. De acordo com Rose temas como a violação dos direitos, a violência contra as mulheres, o feminicídio e o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes, bem como o tráfico de pessoas precisam ser destacados no eixo no seu trabalho em rede. “A gente vai somando forças e juntando as esperanças para fazer frente a essas realidades de violências”, afirma a religiosa, destacando a importância do segundo seminário da Pan-Amazônia.
Entre as propostas de atuação do Eixo está uma Igreja que transpasse as fronteiras, conforme as intuições fundacionais REPAM, sempre tendo como foco a territorialidade Pan-Amazônica, o que representa uma verdadeira novidade do Espírito, um sinal de uma nova eclesiologia que irrompe como um novo sujeito eclesial. Nessa reunião, por exemplo estiveram representantes do Brasil (precisamente os estados de Roraima, Amazonas, Pará, Amapá e Acre) e Colômbia.
Natália Forero Romero, vive em Leticia, Colômbia, na fronteira com o Brasil e o Peru. Ela afirma que o eixo ajuda a perceber que tudo está interligado e que, por isso precisa de muita atenção e cuidado com quem também está fora da Pan-Amazônia. “O eixo está nos chamando para nos encontrarmos em uma realidade da Pan-Amazônia, desde e para a Pan-Amazônia, nos desligarmos um pouco dos países que a compõem e pensar como um todo e como isso está interligado, como tudo está relacionado e como os gritos de vida eles nos unem, e também as respostas e esperança que temos, desde e para os territórios”, afirmou Natália.
De acordo com o Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia, “a fronteira constitui uma categoria fundamental da vida dos povos amazônicos”. Mesmo sabendo que essa realidade está presente em toda a região, é preciso se atentar de que a fronteira “é o lugar por excelência do agravamento dos conflitos e das violências, onde não se respeita a lei e a corrupção mina o controle do Estado, deixando campo livre a muitas empresas para uma exploração indiscriminada”.