Conselho Permanente reunido na sede da CNBB, em Brasília.

O Sínodo para a Amazônia foi pauta, na manhã dessa quarta-feira, do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Participam da reunião, que ocorre desde terça feira na sede da CNBB, em Brasília,  a presidência da Conferência, bispos que presidem as comissões episcopais pastorais e os regionais e representantes de organismos eclesiais da Igreja no Brasil.

O Monsenhor Raimundo Possidônio, um dos brasileiros especialistas que participou da elaboração do Instrumentum Laboris, o Documento de Trabalho do Sínodo, apresentou o material aos membros Conselho Permanente. Possidônio comentou o processo de construção do material e destacou os principais pontos de cada uma das três partes que compõem o material. “As proposições que estão no Documento vieram das escutas das bases, que foram momentos fortes desse processo do Sínodo. Ali estão tem muitas aspirações, muitos sonhos, e isso está tudo presente no Instrumentum”, completou o Monsenhor.

Após a apresentação, os participantes do Conselho Permanente comentaram as impressões do material. Dom Bernardo Johannes Bahlmann, da diocese de Óbidos e presidente do regional Norte 2, destacou a importância de o Documento mostrar a diversidade da região amazônica. “Ele (o Instrumentum Laboris) vai nos ajudar, como Igreja, a colocar luz na situação de como estamos na Amazônia e servirá de apoio para uma certa proteção daqueles que trabalham na luta pelos direitos dos povos que ali vivem”, completou o bispo.

Dom Canisio Klaus, bispo de Sinop/MT e presidente do regional Oeste 2, disse que o trabalho para se chegar ao Documento de Trabalho foi muito real e feito junto às bases. “Eu mesmo me sentei com eles, os indígenas, as comunidades, eu participei. O Documento são palavras deles, não nossas”, frisou Dom Canísio. Para o bispo de Sinop é preciso, a partir de agora, compromisso com o que veio das escutas. “Se não tivermos amor, dedicação e profetismo teremos muitas barreiras. O Papa nos pediu para escutar e sermos fiéis à essas escutas”, destacou.

“Chama-me à atenção as citações dos documentos da caminhada da igreja na Amazônia”, comentou Dom Edson Taschetto Damian, bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira e presidente do Regional Norte 1. De acordo com Dom Edson, o Instrumentum Laboris é um documento profético, pois descreve as belezas da Amazônia e não se silencia diante dos projetos de destruição. “E termina com boa fundamentação teológica e eclesiológica para falar da Eucaristia e do direito que a ela que deve ser garantido às comunidades”, finalizou Dom Damian.

Dom Mário Antônio, bispo de Roraima e segundo vice-presidente da CNBB, disse que o texto revela a beleza das escutas realizadas no processo sinodal, bem como as lacunas e necessidades na história da caminhada da Igreja da Amazônia. “Nos preocupa, agora, o estudo e os consensos que precisamos estabelecer sobre a realidade. Cabe a nós, bispos da Amazônia, dialogar entre nós e com os demais bispos dos outros países da Pan-Amazônia”, refletiu Dom Mário.  Segundo o bispo de Roraima a discussão sobre a Ecologia Integral é bastante exigente e o Sínodo para a Amazônia não pode ter uma reflexão aquém da que foi produzida na Laudato Si. “Espero que tenhamos energia e força para atender o apelo do papa de que façamos propostas corajosas”, conclui Dom Mário.

 

Comissão Episcopal Especial para a Amazônia

Após a apresentação do Documento de Trabalho, o Conselho Permanente aprovou a continuidade da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia/CEA. Com o objetivo de animar o espírito missionário da Igreja e sensibilizar a sociedade brasileira em relação à Amazônia, a CEA foi criada em 2003 e tem sido responsável por uma série de iniciativas e articulações de projetos e ações na região.

Com a aprovação da Comissão pelo Conselho Permanente, os membros da CEA permanecem os mesmos, pelo menos até o Sínodo, de forma a garantir a continuidade dos processos já iniciados. Fazem parte da Comissão o Cardeal Claudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (SP), na função de presidente; Dom Ervin Krautler, bispo emérito de Xinguú (PA), como secretário; Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho (RO); Dom Sérgio Eduardo Castriani, arcebispo de Manaus (AM); Dom Vicente Costa, bispo de Jundiai (SP); e Ir. Maria Irene Lopes, no serviço da assessoria

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