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O Sínodo para a Amazônia insiste na importância da formação na Igreja da Amazônia. Na Querida Amazônia, o Papa Francisco diz que “é oportuno rever a fundo a estrutura e o conteúdo tanto da formação inicial como da formação permanente dos presbíteros, de modo que adquiram as atitudes e capacidades necessárias para dialogar com as culturas amazónicas. Esta formação deve ser eminentemente pastoral e favorecer o crescimento da misericórdia sacerdotal”.

Nesse caminho formativo, a Faculdade Católica do Amazonas, apresentada no dia 23 de setembro de 2022, inicia sua caminhada formativa no próximo dia 6 de fevereiro com uma Aula inaugural ministrada pela Dra. Marilene Corrêa da Silva Freitas, da Universidade Federal do Amazonas, que falará sobre “Educação e Ciência no Amazonas: Desafios e esperanças em tempos de ataque e democracia”, e o Padre Adelson Araújo dos Santos, SJ, da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, que refletirá sobre “Teologia, Ecologia, espiritualidade e Cosmovisão Indígena: Ecos da Laudato Si e Querida Amazônia”.

Segundo o Padre Adelson “esta nova Faculdade Católica do Amazonas é um dos frutos do Sínodo para a Amazônia, porque se nós vamos ler o número 114 do Documento Final do Sínodo, ali há esse claro pedido dos padres sinodais para que se pensasse numa Universidade Católica na região da Pan-Amazônia”. Mesmo estando localizada no Brasil, no Estado do Amazonas, “já é um sinal muito visível de que a Igreja daqui de Manaus, do Regional Norte1 da CNBB, busca responder a esse apelo do Sínodo que a gente acredita é inspirado pelo próprio Espírito Santo, que conduziu todo esse processo, desde a preparação até a sua realização e tudo o que veio depois, a Querida Amazônia, a criação da Conferência Eclesial da Amazônia”.

O professor da Gregoriana, nascido em Manaus, reflete sobre as pontes que podem ser estabelecidas entre Roma, neste caso a Universidade Gregoriana e o ensino da Teologia e das Ciências Humanas na Amazônia, na Faculdade Católica de Manaus. Segundo o jesuíta, “tem a dar e receber entre ambas as partes. A Amazônia, ela leva um ar de renovação, um ar de novidade, um sopro novo do Espírito, próprio da forma como se vive a Teologia na Amazônia, não esquecendo que a Amazônia é um lugar teológico, um lugar onde Deus se manifesta de forma muito concreta, inculturada. E por outro lado, uma universidade com a tradição da Gregoriana, que tem toda uma solidez, uma experiência no ensino da Teologia, que poderá contribuir muito para integrar essa formação das lideranças das nossas igrejas locais, não só os padres e seminaristas, mas também os nossos leigos e leigas, também a Vida Consagrada, a Vida Religiosa, a Vida Missionária presente aqui na região”.

O Sínodo, segundo o perito sinodal, “nos recordou a importância de que a nossa Teologia, o nosso estudo teológico, ele não seja um estudo abstrato, mas ele parta do que foi a própria experiência do Nosso Senhor Jesus Cristo, que se inculturou e se encarnou numa realidade, num contexto histórico cultural concreto e também anunciou o Reino de Deus a partir disso, de uma cultura própria, de uma situação geográfica, histórica, política, económica própria”.

Daí, o Padre Adelson insiste em que “se nós queremos fazer uma Teologia com rosto amazônico não podemos virar as costas para as culturas presentes na Amazônia, e de modo particular as culturas dos povos ancestrais, dos povos originários, com todo seu saber, com toda sua experiência acumulada por milhares de anos”. O doutor em Teologia ressalta que “todo seu saber, a sua cosmovisão, a sua espiritualidade, a sua relação com a Criação, é algo que nós podemos como cristãos nos enriquecer bastantes”.

Por isso, ele abouga em “estabelecer um diálogo de respeito, de enriquecimento mútuo e tudo isso é fazer Teologia a partir de um lugar concreto”. Nesse sentido, “um programa teológico voltado para a Amazônia tem que levar em consideração isto”, disse o Padre Adelson. O perito sinodal faz um chamado a “ajudar aos nossos seminaristas e padres da própria região amazônica, mas também missionários que venham de fora a aprender a como se relacionar com a própria geografia amazônica, que é bem diferente de outras partes do Brasil e do mundo”.

Diante disso, ele coloca o desafio de “aprender a como nós vivermos numa região dominada por rios e por florestas, onde isso impõe até um ritmo diferente do tempo, as distâncias enormes, e tudo isso nos leva a aprender a ler a própria Palavra de Deus, a meditar a Palavra de Deus, a ação desse Espírito Santo presente aqui nessa região de um modo que é bem do jeito com que os nossos ribeirinhos, as nossas populações autóctones já vivem. E nós temos que saber fazer Teologia também a partir disso”.

Fonte: Luis Miguel Modino – Comunicação Regional Norte 1 da CNBB 

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