Notícia

O Programa Universidade da Amazônia (PUAM) e o Instituto para o Diálogo Global e a Cultura do Encontro (IDGCE), em parceria com o Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (Celam), da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), da Associação das Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina (AUSJAL), da Cáritas América Latina e Caribe, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e da Confederação Latino-Americana de Religiosos (CLAR), realizaram nesta segunda-feira (4) a segunda sessão da Cátedra Cardeal Claudio Hummes. O momento marcou o primeiro ano da páscoa do cardeal. 

A sessão reuniu pessoas de todos os cantos do Brasil e de diferentes países para fazer memória e celebrar os pensamentos, as obras, a missão e o legado de Dom Cláudio Hummes. Participaram do momento, a secretaria executiva da REPAM-Brasil, Irmã Maria Irene Lopes, o presidente da CEAMA, cardeal Pedro Barreto, o diretor da PUAM, Mauricio López, a vice-presidenta da REPAM, Yésica Patiachi, e o fundados de IDGCE, Luis Liberman.  

Acompanhe a transmissão da sessão:  

Mauricio López agradeceu a presença de todos e considerou a sessão um momento especial para comemorar a vida de Dom Cláudio e seu legado. “A Cátedra quer oferecer uma voz que permanece que a voz de Dom Cláudio, que é uma voz que não fica com ele. É uma voz que nos conduz as comunidades, aos territórios, a Igreja e ao seu conjunto”, afirmou.

O cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, também participou do momento e destacou o legado de dom Cláudio, afirmando que ele deixou-se transformar e se abriu para as pessoas, as comunidades, a terra, ao rio e ao céu amazônico.

“Então, desde aqui, agradeço a ele. Ainda mais, agradeço ao Senhor, que o chamou a entrar em nossas vidas e a vida da Igreja de uma maneira muito importante. Estamos recolhendo os frutos do seu ministério. Então, querido dom Cláudio, estamos muito contentes e buscamos a confiança de que irá continuar olhando por nós e inspirando a lutar para que, como disse Mauricio, todos os povos sejam protagonistas do seu próprio desenvolvimento”, ressaltou o cardeal Michael Czerny.

Aleteia Humme Thaines, sobrinha de dom Cláudio, participou da homenagem. Ao fazer memória do legado de dom Cláudio, Aleteia afirmou que o tio era uma pessoa simples, de posicionamento forte, e um homem de muita fé. “Ele buscava fazer a diferença na vida das pessoas, levando sempre a palavra de Deus. Ele passou a vida lutando pelos mais pobres e se preocupava com a efetivação dos Direitos Humanos. Defendia a preservação ambiental, o direito dos povos originários e ribeirinhos. Buscava, então, fazer a diferença na vida dessas pessoas, mas ele também era muito próximo a família”.

O cardeal Pedro Barreto afirmou que teve “a enorme graça de partilhar de perto os seus últimos oito anos e meio de vida”. Ele lembra que se conheceram em 2014, “em Brasília quando fundamos a Repam, ele se mostrou um pastor simples e firme para expressar suas convicções de fé e suas opções claras em favor dos mais pobres e esquecidos”.

Foi impressionante “seu amor por toda a criação de Deus e sua opção preferencial pela Amazônia e seus povos originários. Eles eram sua paixão. Recordo as palavras proféticas de dom Cláudio, que dizia que a crucificação a Amazônia gera o sofrimento de muitas crianças e filhas de Deus, os povos amazônicos e os povos indígenas correm o risco de perder o direito de viver”.

 “Não ficou apenas na denúncia, anunciou a esperança com profunda convicção de fé, o sonho de uma Igreja com rosto amazônico, porque no meio da noite mais escura com a morte de Jesus a luz da ressurreição”, afirmou o cardeal Pedro Barreto. 

A secretaria executiva da Rede destacou a importância de celebrar a vida e a missão de Dom Cláudio e o que aprendeu com ele “reconhecer a beleza e toda a Graça que recebemos de Deus por meio da Criação”. 

“Primeiro quero dizer que Dom Cláudio, como carinhosamente o tratávamos, nos deixou, na perspectiva da memória, um jeito diferente de pensar, agir, cuidar e nos relacionar com a Amazônia e seus povos. Seu jeito carinhoso e atento a tudo e a todos nos inspira na missão que desenvolvemos todos os dias. Seja na REPAM ou na Comissão para a Amazônia, aqui na CNBB, no Brasil, trago comigo o sentido de urgência: o povo tem pressa e não pode esperar. A Amazônia e toda a criação exigem de nós uma postura de reverência e cuidado. Assim como sinalizado no Sonho Ecológico do Papa Francisco, na Querida Amazônia, aprendemos com Dom Cláudio a reconhecer a beleza e toda a Graça que recebemos de Deus por meio da Criação, em nossa Casa Comum, e nossa relação de cuidado e defesa tem que ser feita no aqui e agora, sem demora”, afirmou.  

Irmã Irene ressaltou ainda os aprendizados e o legado deixado pelo cardeal. “Com ele e por ele temos um imperativo de olhar e nos relacionar com a criação de forma diferente, com ousadia e criatividade. Ele, mesmo diante das maiores adversidades, institucionais ou de saúde, soube buscar formas diferentes de cuidar das pessoas, da Igreja e da missão”.  

“Nesse sentido, em nossas andanças pela Amazônia, nos sentamos ao lado de tantas comunidades e com elas muito aprendemos. Com Dom Cláudio aprendi a valorizar, ainda mais, a importância da sabedoria ancestral e o conhecimento dos povos originários. Avançar para novas perspectivas de cuidado e relacionamento com a criação nada mais é do que resgatar para toda a sociedade práticas e atitudes que os povos da Amazônia cotidianamente realizam para com ela”, ressaltou a secretaria executiva.  

Memória  

O Cardeal Claudio Hummes foi fundamental para a presença e acompanhamento da Igreja Católica nos processos de efetivação e promoção dos direitos humanos e da natureza na Pan-Amazônia. Processos que são frutos da articulação da REPAM, que culminaram na preparação e condução do Sínodo da Amazônia e na criação de um órgão eclesial para a Amazônia (CEAMA), do qual foi o primeiro presidente. 

A visão de Dom Cláudio da educação como ferramenta para a transformação das realidades levou-o a promover o Programa Universidade da Amazônia (PUAM) incentivando esse espaço a ser um instrumento de serviço ao território por meio do desenho de metodologias de educação, inspiradas e adaptadas à cultura e aos saberes dos diversos povos e comunidades presentes no território amazônico. 

Também inspirou o Instituto para o Diálogo Global e a Cultura do Encontro a promover o Programa Internacional de Esperança, criado como uma “proposta de ação coletivo com impacto territorial ligada aos direitos humanos no marco de uma ecologia integral e de um bem viver para um futuro possível para todos”. 

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