21/05/2018 13:49
Partilha de experiências e a busca de novos caminhos para a evangelização marcaram o reencontro de missionários e missionárias que atuam na Amazônia. A atividade, que terminou nesse domingo (20), teve início no dia 14 e reuniu cerca de 40 pessoas, vindas das mais diferentes realidades de missão, em Brasília, no Centro Cultural Missionário/CCM.
Promovido pela Comissão Episcopal para a Amazônia/CEA da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB, Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil e CCM, o reencontro buscou reunir missionários que fizeram formações nos últimos anos para atuarem na Amazônia para partilharem as experiências de missão, os sonhos, os desafios que vêm enfrentado e contribuírem para a formação de futuros missionários. Para a Ir. Elisabeth Côrte Imperial, que atua em Porto Velho/RO, o encontro foi muito bom e rico de partilhas, o que a faz estar mais renovada para continuar o trabalho missionário. “ Ouvir as partilhas é muito significativo, temos realidades bem diferentes, mesmo estando todos na Amazônia. O encontro nos proporcionou essa escuta, troca de experiências e a pensar novos caminhos para a evangelização na Amazônia”, afirmou a religiosa.
Durante uma semana de atividades, os missionários e missionárias tiveram palestras, formações, estudos, orações e um retiro. A psicóloga e professora universitária Yani Barbosa contribuiu com o grupo com dinâmicas e atividades de entrosamento. “Entendendo que o reencontro é um momento e se reencontrar significa trazer o que é meu para se integrar com o que é do outro, e a partir daí construir um caminho. Então todo o foco das atividades que propus ao grupo ficou muito nesse nível, pensar o que faz com que as pessoas se juntem, se integrem. Daí eu pensei na percepção, que é um conceito que acho interessante a gente pensar e a conduta atitudinal. A partir desses dois conceitos buscamos, por meio de dinâmicas e reflexões, entender a necessidade de estar com o outro”, explicou Yani.
Os assessores da CNBB, Padre Paulo Renato de Campos, assessor político, e Frei Olavio Dotto, assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora, contribuíram no reencontro com uma análise de conjuntura da realidade brasileira e da Amazônia. Para o padre Paulo Renato, o avanço da visão de mercado, da bancada ruralista no setor político – na câmara, senado ou no executivo federal – com a grande influência que possui, entende que o Brasil é uma grande fazenda e que por isso é impossível deixar de tocar em alguma parte, o que torna frágil e suscetível a realidade amazônica com todo o avanço desenvolvimentista sem pensar na sustentabilidade da floresta e do povo. “Hoje nós enfrentamos forças obscuras na sociedade que não conseguem perceber além dos seus interesses corporativos ou pessoais. E o governo e o Estado cedem a isso em muitos momentos. Aí temos legislações e decisões judiciais que precisamos estar atentos e acompanhar. O Brasil muda de postura da noite para o dia”, concluiu o assessor político da CNBB.
“A vida é bonita e somos eternos aprendizes”. Assim começou pe. Jaime Luiz Gusberti, assessor do quarto dia do reencontro. Jaime trabalhou com o grupo o tema “A pessoa do missionário/a numa Igreja em saída”. Entendendo a missão com a metáfora do jardim, o assessor ajudou o grupo a refletir a ação missionária a partir de algumas questões, como: por que você entrou no jardim do outro? Como você entrou no jardim do outro pela primeira vez? O que você “está fazendo” no jardim do outro? O que você procura no jardim do outro?. Para o padre José Arnoldo de Lima Sales, da Diocese de Itapipoca-CE, em missão na Diocese de Humaitá-AM pelo Projeto Igrejas Irmãs da CNBB, a reflexão foi muito significativa e levou a várias inquietações pessoais. “A missão é um caso de amor, um cuidado de si e do outro; uma missão transformadora, libertadora, de preferência especial pelos oprimidos”, concluiu padre Arnoldo.
Ir. Irene Lopes, assessora da CEA e secretária executiva da REPAM-Brasil, ajudou o grupo na retomada do documento de estudo número 100 da CNBB, “Missionários(as) para a Amazônia”. Os participantes do encontro puderam reler, fazer contribuições e sugestões para o documento em vista da formação de novos missionários e missionárias. Em seguida, apresentou a REPAM e o itinerário de preparação do Sínodo para a Amazõnia, chamando os missionários a contribuírem nas realidades onde estão. “O documento preparatório chegará em breve nas dioceses e é muito importante que vocês nos ajudem na escuta dos povos tradicionais e toda a comunidade da Amazônia. O papa e os padre sinodais precisam ouvir os clamores que vêm das bases”, afirmou Ir. Irene.
Dom Luiz Vieira, bispo emérito de Manaus, atualmente morando em Santa Fé, Paraná, ajudou o grupo a rezar em dois dias de retiro. Momentos forte de oração, deserto e encontro pessoal com Cristo foram motivados pelo bispo que convidou o grupo a meditar a missão, o compromisso com o povo e o chão amazônico, bem como as suas alegrias e desafios cotidianos. Dom Luiz convidou o grupo a rezar a partir das duas faces da missionariedade: paixão por Jesus Cristo e paixão pelo seu povo. “Jesus é o modelo. Se a gente não amar o povo a missão não acontece”, destacou o bispo. Segundo Dom Luiz, na missão não se pode se distanciar da vida concreta do povo. “Nós temos que conhecer a história das pessoas para amar o povo como ele é. Nada de superioridade cultural, somos iguais. O que Jesus faz no lava-pés? Se ajoelha para olhar de baixo. Também nós devemos ter as mesmas atitudes do Cristo”, afirmou o bispo que por mais de vinte anos atuou na Amazônia.
O encontro terminou no domingo (20) e na mala muitas experiências partilhadas e o compromisso de continuar o trabalho missionário. Segundo Ir. Eulália de Paiva Lima, que atua no Maranhão, o reencontro ajudou a alimentar, ainda mais, o ardor missionário. “Saímos daqui mais fortes, mais corajosos, mais dispostos para continuar na missão”, afirmou a religiosa. “O encontro foi muito proveitoso e vamos levar muita coisa do que vivemos aqui para a nossa atuação cotidiana. As partilhas e conhecimentos que adquirimos aqui nos servirão muito para o dia a dia”, concluiu padre João Batista Toledo, da diocese de Niterói, mas que atua em Porto Velho, na área missionária do Alto Rio Madeiro, pelo projeto Igrejas Irmãs da CNBB. O encontro