Autonomia e gestão das mulheres em projetos produtivos na perspectiva de melhoria das condições de vida, articulação em termos territoriais, protagonismo de processos organizativos na defesa da vida e da casa comum é a proposta de um dos projetos de autossustentação das comunidades apoiados pela Rede Eclesial Pan-Amazônia/REPAM-Brasil. Desenvolvido na diocese de Coroatá/MA, a iniciativa reúne mulheres camponesas, extrativistas, em luta por terra e território na defesa de seus direitos, resguardando seus modos de vida e guardiãs das sementes e das águas.

Com início em agosto deste ano, o projeto trabalha com 15 mulheres, beneficiando cerca de 50 pessoas da comunidade. As atividades são organizadas de forma conjunta, desde o planejamento das ações, mutirão para o plantio, rodas de conversa, oficinas formativas, trabalho de campo, intercâmbio de experiências, troca de sementes, de experiências. “´É uma construção coletiva de partilha e comunhão”, afirmou Antônia Calixto de Carvalho, uma das coordenadoras da proposta.

Ainda, de acordo com Antônia existem momentos de socialização das atividades desenvolvidas pelas mulheres com muito envolvimento na apresentação e partilha de experiências, seja das hortas e quintais verdes, no extrativismo do coco babaçu ou no aproveitamento de diversos produtos advindos dessa amêndoa e do artesanato com materiais que oferta a palmeira.

No mês de setembro houve a entrega do material e ferramentas de trabalho das mulheres horticultoras, a construção de uma dispensa para armazenar o material de trabalho, e a preparação de uma forrageira que é de grande utilidade para a produção de alimentos animal e familiar. Foi realizada, também, uma oficina de alimentação alternativa, em que as mulheres fizeram pratos saborosos, coloridos e nutritivos, apresentaram suas obras de arte e deram uma lição de aproveitamento de folhas, flores, talos, frutos e vegetais. “Uma troca de saberes e sabores”, completou Antônia Calixto.  

O mês de trabalhos do projeto também proporcionou um intercâmbio de práticas em uma unidade agroflorestal. Em meio às árvores, uma família partilhou com o grupo de mulheres  uma experiência integral de manejo de roça, horta e frutíferas, que segundo Calixto, “altamente sustentável do ponto de vista ecológico, produtivo e de autonomia alimentar e renda suficiente para o sustento da família”.

De acordo com a comunidade, o apoio oferecido pela REPAM-Brasil foi fundamental nesse tempo de pandemia, pois trouxe muita esperança às comunidades de Santa Maria e Jaqueira que, após um ano de expulsão do território, retomaram suas terras, deram início à reconstrução de casas, broque de roças, limpeza de variantes, construção de poço da casa de farinha. O projeto, com apoio da REPAM-Brasil tem duração até dezembro deste ano, quando a comunidade segue com autonomia na continuidade da iniciativa.

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