Por Luis Miguel Modino | Comunicação CNBB Norte1
Os representantes das Pastorais do Regional Norte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1) se encontraram na sede do Regional no dia 12 de dezembro para um encontro de partilha do caminho percorrido ao longo do ano e de formação sobre a Espiritualidade das Pastorais Sociais.
Com a assessoria do cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, os participantes refletiram sobre o “Espírito das Pastorais Sociais: Viver o Evangelho de Jesus Cristo”. Ele destacou a riqueza da Doutrina Social da Igreja, que não é muito conhecida, relatando que na Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade foi abordada a necessidade de retomarmos a Doutrina Social da Igreja, uma dinâmica assumida pelo Regional Norte1. Isso sem esquecer as resistências dentro da Igreja à Doutrina Social da Igreja.
A Doutrina Social tem introduzido novos conceitos: pecado social (João Paulo II), pecado ecológico (Francisco). “A Doutrina Social da Igreja é presença das nossas comunidades na nossa sociedade”, insistiu o cardeal, apresentando o Ano da Misericórdia como chave de leitura das Pastorais Sociais, segundo o texto de Mateus 25: “Foi a mim que o fizeste”.
Segundo o presidente do Regional Norte1, Pastoral Social é mais do que uma assistência social, é um exercício do viver o Evangelho, é um modo da fé de estar junto dos irmãos e irmãs, é muito mais do que organização. É um exercício do amor, até dar a vida, sendo as pastorais sociais uma relação do amor, que leva dignidade. É defender a vida e dedicar tempo aos pobres, escutá-los, acompanhá-los nos momentos difíceis.
Um elemento importante é assumir que a necessidade de a partir deles transformar a situação, não levamos soluções e sim ajudamos as pessoas a se libertarem, destacou o cardeal Steiner. De fato, para muitas pessoas, a própria pastoral se torna nossa espiritualidade, ela é um cuidado especial para com os pobres e marginalizados, com os descartados.
O arcebispo de Manaus analisou o significado de sociedade, insistindo na dimensão da Igreja como comunidade dos seguidores, como fraternidade. As Pastorais sociais acolhem e saem ao encontro de todas as pessoas, não existe limite no cuidado da pessoa, buscam transformar todas as estruturas da convivência humana, cuidar de quem ninguém cuida, segundo disse a Madre Teresa de Calcutá. Um cuidado das pessoas, dos filhos e filhas de Deus, uma comunidade que olha para além de si mesma, que está profundamente inserida na sociedade, insistindo em que o testemunho é a melhor forma de evangelização, segundo disse o Papa Paulo VI em Evangelii Nuntiandi. Isso sempre feito no Espírito da gratuidade.
Retomando o Ano da Misericórdia, o cardeal Steiner definiu a Misericórdia como Pastoral, definindo a Misericórdia como o que mantem viva à Igreja. A Misericórdia é expressão da fidelidade e ternura de Deus, pois seguindo Santo Agostinho, “Deus, não pode não nos amar”. Para Deus, não ser misericordioso é ser infiel a si mesmo, e a Misericórdia não é relação de perdão, é relação de ternura, é amor matricial, um amor revelado por Jesus para com cada e todo ser humano, um amor universal, com lonjura, um amor que vai além das pessoas, que chega a todas as criaturas.
A partir da Misericórdia muda a pergunta pelo próximo presente na parábola do Samaritano, o homem se deixa atingir nas suas vísceras, ele é pego por dentro. Lembrando as palavras de Santo Tomás de Aquino, o cardeal Steiner falou da misericórdia como “ter o coração aflito por causa da aflição de outra pessoa”, fazendo um chamado a “ser, nós, aqueles anjos que sobrem e descem, pegando ao colo os pequenos, os coxos, os doentes, os excluídos os últimos, que caso contrário ficariam para trás”, segundo diz o Papa Francisco.