Comunidade quilombola Tanque da Rodagem. Foto: Reprodução/CPT

Desde sábado, 11 de setembro, o Quilombo Tanque de Rodagem e São João, em Matões, no Maranhão, estão sob ataque de ruralistas e jagunços paraenses. Em um dos ataques ao território, os ruralistas usaram tratores com correntões para desmatar uma área dentro do Tanque de Rodagem. A ação foi interrompida pela comunidade, que resistiu e fechou a rodovia MA-262, que passa em frente da propriedade.

A rodovia MA-262, de acesso a Matões, ficou interditada desde sábado (11) como forma de reivindicar medidas legais que garantissem a proteção da posse contra as invasões, destruição ambiental e ameaças.

No território, vivem mais de 50 famílias, que desde 2013 aguardam a regularização fundiária do território pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Para Sebastião Ferreira, que há mais de 46 anos mora na região, é uma situação absurda. “As pessoas chegam de fora dizendo que são donas, sem nenhum respeito à nossa história e ao nosso modo de vida. É daqui, há quatro décadas, que tiro o sustento da minha família”, afirmou.

Silvério Nascimento, quilombola que vive na comunidade, afirma que não tem pra onde ir e nem como sustentar os filhos. “São as minhas plantações que consigo sobreviver e dar de comer para os meus meninos. O que vou fazer?”, questionou.

“Nós estamos sendo prejudicados que até as casas já começaram a derrubar. Só está faltando mesmo passar por cima de nós porque as casas mesmo já derrubaram um bocado e as últimas ainda estão de pé, mas estão perigando serem derrubadas”, afirmam os quilombolas.

A Comissão Pastoral da Terra no Maranhão (CPT-MA), que acompanha a situação da comunidade, denunciou às autoridades a invasão e o desmatamento no território pelos ruralistas. A vegetação nativa, com árvores protegidas e espécies frutíferas que servem ao sustento do território, foram destruídas ao longo do dia com o uso do correntões.

Nota da CPT em apoio à luta do Quilombo Tanque da Rodagem

O advogado da CPT, Rafael Silva, alertou que é “preciso que as instituições do Estado do Maranhão ajam para a proteção da comunidade Tanque da Rodagem contra crimes ambientais e outros tipos de crime que se configuram por lá”.

Na terça-feira (14), um comboio da Polícia Militar do Maranhão apreendeu os tratores e colheu depoimentos na comunidade.

Uso de Agrotóxicos

As comunidades também enfrentam outra ameaça: o uso de agrotóxicos. Desde junho, moradores da comunidade quilombola denunciam o uso de agrotóxicos na região e relatam sintomas como coceira e ardência nos olhos.

Em vídeo, enviado à REPAM-Brasil, quilombolas denunciaram o uso de agrotóxicos e afirmaram que estão “ameaçados demais com veneno”.

“Falaram que a gente ia ficar aqui, mas se ficasse ia ficar por baixo de veneno.”

Mobilização

Desde então, as famílias quilombolas seguem em vigília no acampamento Reviver Fátima Barros às margens da rodovia MA-262. O nome do acampamento é uma homenagem à Fátima Barros, liderança quilombola conhecida pela atuação como educadora e pela defesa dos povos tradicionais.

Comunicação REPAM-Brasil com informações da CPT-MA

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