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Por Comunicação REPAM-Brasil

Com o objetivo de refletir, a partir de uma perspectiva Ecoteológica, sobre as contribuições da teologia para a superação das múltiplas violências no contexto de conflitos e guerras atuais que ameaçam e disputam a Amazônia, bem como reanimar as resistências pautadas na esperança evangélica, carregadas com a força da ancestralidade cuidadora dos povos amazônicos e do testemunho martirial cristão, foi realizado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), entre os dias 16 e 18 de agosto, no Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília, o 3º Encontro de Ecotelogia.

O encontro reuniu 24 participantes, entre teólogos, teólogas, filósofos, filósofas, religiosos, religiosas e lideranças leigas, vindos da Amazônia e de outras regiões do Brasil, mas que dialogam com o tema. Na proposta metodológica, 4 painéis contribuíram com o caminho do grupo que, a partir de memórias, vivências, partilhas de vida, estudos e celebrações, contruiu uma trilha de reflexões.

No primeiro dia, o painel “Tipologia das Violências: guerras e micro guerras” foi conduzido pelos assessores Pe. Ricardo Castro, assessor da REPAM-Brasil, e Henriqueta Cavalcante, do regional Norte 2. “Ecologia Integral no contexto das espiritualidades e experiências socio pastorais das igrejas e dos povos amazônicos” foi a reflexão levantada no painel de Marcivana Sateré Mawé, da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), Pe. Justino Sarmento Rezende, do regional Norte 1 e Benedito Alcântara, do regional Norte 2. O terceiro painel do dia, com a reflexão “Apelos ecológicos e a necessária superação dos conflitos que assolam a Amazônia na atualidade” foi orientado por Luiz Felipe Lacerda, do Observatório de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA), e Ima Vieira, assessora da REPAM-Brasil.

Buscando conectar as reflexões do encontro com o Sínodo para a Amazônia, realizado em 2019, no segundo dia de encontro o último painel trouxe como reflexão “Sínodo da Amazônia e o Espírito que nos desafia a superar bloqueios e inércias, transbordando novos caminhos para a Igreja”, assessorado pela teóloga Tea Frigério, Igor Bastos, do Movimento Laudato Si’, e José Reinaldo Felipe Martins Filho, da PUC de Goiás.

De acordo com Pe. Dário Bossi, assessor da REPAM-Brasil e um dos moderadores do encontro, o encontro só faz sentido se “tensionar os sistemas de morte que estão crucificando a Amazônia; identificar e alimentar as forças que permitem ainda aos povos e à Criação permanecer de pé, aos pés da Cruz”. Para ele, o grupo reunido em Brasília fez uma opção profunda e vivencial pela “Ecoespiritualidade” que conduziu todo o caminho vivido ao longo dos dias. “A ecoespiritualidade parece mais com a partilha das preocupações e esperanças que se dá numa roda de conversa dentro de casa, ou numa assembleia da aldeia, ou num círculo de diálogo ao redor do fogo”, afirmou.

Para a Diretora Executiva da REPAM-Brasil, Ir. Maria Irene Lopes, a continuidade dos encontros de ecoteologia reforçam o papel e a importância da Rede na tecitura de novos e contemporâneos saberes ecoteológicos. “É nossa missão contribuir para que as discussões e construções relacionadas à Amazônia, especialmente, à luz do Sínodo, sigam frutificando e nos impulsionando à resistência ativa e cuidadora da vida da Amazônia e seus povos. Que venham novos encontros e oportunidades de reflexões tão ricas como essas vividas nesses dias”, concluiu Ir. Irene.

Encontro de Ecoteologia realizado nos dias 17 e 18 de setembro em Brasília, DF. Foto: Divulgação

Por uma Ecoteologia

“Fazemos Ecoteologia, ecologizando o discurso sobre Deus que é o Deus da Criação e presente em sua criação. Ecologizando Jesus Cristo a sophia de Deus encarnado, que assumi nossa corporeidade terrenal, retirando da contemplação da natureza sua sabedoria para ensinar sobre o Reino de Deus, da vida das mulheres o parimento de um novo céu e uma nova terra”, afirmou Pe. Ricardo Castro, no texto base que iluminou o encontro. Para ele, o discurso sobre ecoteologia parte dos desafios desencadeados por uma cultura centrada no ser humano e em processos de destruição e dominiação. “A Ecoteologia Amazônica nasce dessas intuições que são gestadas em suas culturas ancestrais, na interculturalização dos encontros e desencontros com o Evangelho trazido aqui por missionários e missionárias”, ponta Pe. Ricardo.

Memórias dos encontros de ecoteologia

Em 2017, com o objetivo de refletir temáticas relacionadas à Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, e aprofundar reflexões teológicas para qualificar a atuação de nossas organizações, comunidades e missionários na Amazônia brasileira, foi realizado o 1º Encontro presencial de Ecoteologia. Em 2021, após o Sínodo para a Amazônia, mesmo diante do grave panorama pandêmico no mundo, a REPAM-Brasil realizou virtualmente o 2º Encontro de Ecoteologia, refletindo questões centrais do debate sinodal que inspiram o conjunto da Igreja Católica e de igrejas irmãs na busca de novos caminhos para a evangelização.

 

1 comentário

  1. Certamente a contribuição do grupo foi e será muito valiosa, na continuidade da luta pela preservação das tradições, religiões e vida dos povos indígenas.

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