“TU ME CATIVASTE MEU  DEUS E SENHOR

EU NÃO CONSIGO ESQUECER TEU AMOR.”

 

 

A caminhada vocacional é um mistério de Deus. Tudo transcorre para o encontro do Mestre. O caminho iniciou na catequese, na paróquia Imaculada Conceição, bairro de Brasília, em Altamira/Pa, onde fomos preparados para assumir a missão batismal, o que se tornou possível pelas diferentes etapas de amadurecimento da fé. A cada passo, tinha sempre uma motivação para continuar na perseverança do compromisso para ser discípula de Cristo.

A Ir. Ignez Wenzel nos ajudava a não perder o encanto durante as etapas que tínhamos que vencer: primeiro alistado, segundo aspirante, terceiro cruzada, quarto discípulo e quinto apóstolo. Após passar por essas etapas estávamos preparados para fazer a crisma. Contudo, logo recebi uma missão na Comunidade Nossa Senhora Aparecida da Liberdade, em Altamira/PA: ser catequista. Ali, pude perceber a real necessidade de poucos operários na messe. Não havia nada, somente o terreno que seria o lugar para o encontro com as crianças. Acredito que este foi a Porciúncula, onde Deus fala através de uma realidade local. Era um dos bairros mais pobres de Altamira na década de oitenta. Além de participar da vida da paróquia, as irmãs franciscanas atuavam em diferentes campos de missão nas comunidades rurais, urbanas e escolas.

 O seguimento necessita um acompanhamento, tanto na vida da Igreja, quanto no aspecto religioso. Algo surpreendente, pois na Escola Estadual de Ensino Médio Polivalente tínhamos aulas de ensino religioso justamente com a Ir. Ignêz.  Lá, ela nos preparava dentro dos valores Cristãos. No entanto, ela percebeu o quanto eu gostava de suas aulas e começou a nos trazer alguns livros: Menino do dedo verde, Eco de uma frase e outros.

O chamado de Deus é sempre sinal da mediação humana, pois a revelação acontece de forma única, mas que aos poucos vai se confirmando com outras irmãs que deram o seu sim. Lembro de Ir. Celina Torres, tínhamos a mesma convicção, pois fizemos a caminhada juntas na descoberta da vocação. Posso dizer que parecia Francisco e Clara. Nós duas tínhamos o desejo de ser irmã, mas o medo tomava conta, devido a não aceitação de nossos pais. A força vinha do ideal de seguir Jesus Cristo.  Fomos muito ousadas quando rebemos o convite para visitar as irmãs,  que até dormimos no Sitio Irmão Sol sem avisar os nossos familiares. Depois tudo tomou um novo rumo e logo comecei a participar de encontros vocacionais. Fui até convidada para participar do encontro de catequistas e em seguida fiquei para o retiro com as postulantes na Bethânia.

No primeiro retiro ‘fui derrubada do cavalo’. Para confirmação do chamado, uma luz muito forte me invadiu, tinha vontade de gritar de tanta felicidade, não me continha de tanta alegria. Assim, fui encorajada a entrar no convento, mesmo não recebendo apoio dos meus pais. Com o passar do tempo, eles começaram a aceitar essa opção de vida.

Acredito que a mística da minha consagração é a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Muitas vezes foi ela em diferentes situações, pois pude reviver a morte e a ressurreição: ainda juvenista, tive que sair várias vezes para dar assistência, por motivos de enfermidade em doença, em casa; depois, o desafio de fazer a peregrinação como juvenista para Carinhanha, e depois para Feira de Santana; acompanhar a saída de muitas juvenistas; acompanhar a irmã morte de dois missionários na Amazônia,  Pe. Torre e Ir. Dorothy. Fiquei praticamente três dias sem dormir, não por medo, mas a graça Deus é maior que as nossas fragilidades. Tive a graça de peregrinar em vários campos de missão e pude perceber que o sagrado está presente em todos os lugares.

A experiência em Taizé, em Alagoinha-Ba, foi algo inexplicável, amava fazer retiro com eles. O que foi a experiência com o noviciado dos Jesuítas e as Filhas de Jesus? A visita à Assis sentir a mística franciscana, a Holanda, berço da fundação, e à Alemanha e o Espirito Missionário para o Brasil? Não posso esquecer como escolhi o meu lema de vida, em um retiro em Bom Jesus da Lapa, com a Ir. Ana Roy. Ela fez a vivência do lava pés e afirmei: logo eu mestre? “Eu não vim para servida, mas para servir”. A outra fonte é meditar e contemplar a palavra de Deus.

Reviver esta história é louvar e bendizer a Deus pelas fontes de encontro com mestre que revitalizaram que me fortaleceram no seguimento.

 

Ir. Rosimery Pedro dos Santos

Religiosa das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã

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