Notícia

O Encontro de Direitos Humanos da REPAM começou em Florencia, município de Caquetá, Colômbia, um evento organizado pelo eixo de Direitos Humanos da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM).

Por REPAM Bolívia

O rito de purificação foi animado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) que atua na tríplice fronteira amazônica entre Brasil, Colômbia e Venezuela. Durante esta atividade, cada participante foi tocado com fumaça de incenso, estabelecendo assim um vínculo simbólico com a terra e a essência da Amazônia.

Posteriormente, cada participante teve a oportunidade de se apresentar e partilhar elementos representativos dos seus respetivos territórios. Esta ação simbolizou a diversidade e riqueza cultural da região amazônica, pois os participantes trouxeram consigo terras, artesanato e amostras do trabalho do território, destacando a importância de preservar e proteger a Amazônia e suas comunidades.

A essência da REPAM é a defesa dos direitos humanos dentro do seu caminho de Ecologia Integral.

Na ocasião, o Padre Peter Hughes em seu discurso destacou a importância de recuperar o significado e a essência da REPAM, o seu compromisso com a Igreja, o Papa Francisco e a sociedade:

A Igreja e a Amazônia: um binômio essencial 

Segundo o Padre Hughes, o vínculo entre a Igreja e a sociedade civil fortaleceu-se ao longo dos anos, marcado por um diálogo constante e por uma relação sem precedentes entre o Papa Francisco e a REPAM. Desde a sua eleição em 2013, Francisco concentrou a atenção na Amazónia, reconhecendo a ameaça que enfrentava e desafiando a Igreja a ser “corajosa” na sua defesa. Este compromisso se refletiu na fundação da REPAM em 2014, com o apoio de organizações como CELAM, CBBB, Cáritas de América Latina e CLARC. Francisco enfatizou a ligação entre a Amazônia e os problemas climáticos, estabelecendo um apelo claro à Igreja universal. Estes processos partilharam preocupações e desejos, funcionando em rede para enfrentar os desafios da região.

Amazônia, vida abundante e ameaça do extrativismo 

Afirmou que os projetos de globalização e de economia neoliberal resultaram em evidente desgaste, onde em vez de desenvolvimento, a destruição foi trazida para a Amazônia e suas comunidades. Esta situação torna-se uma questão de vida ou morte, não só para a Igreja, mas também para os povos indígenas, o campesinato e as florestas tropicais, consideradas o pulmão do mundo. A questão dos direitos humanos é colocada no centro das atenções, com um clamor por dois aspectos cruciais: a terra que sangra e a dor dos pobres, marginalizados e esquecidos, daqueles que não têm voz. A Igreja, inspirada na Igreja de Aparecida, busca ser profética, samaritana e defensora dos pobres. Este compromisso recebeu apoio decisivo na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá e na América Latina, com universidades e organizações de direitos humanos reconhecendo e valorizando o trabalho da REPAM. O sonho é uma Amazônia que lute pelos seus direitos e promova a dignidade dos mais vulneráveis, em consonância com a ideia de ecologia integral e de defesa da terra e dos direitos dos povos indígenas. Neste contexto, sublinha-se que a defesa dos direitos humanos vai além da acção social ou política, sendo uma exigência de fé que exige o diálogo mútuo entre a Igreja e a sociedade civil, especialmente em tempos de crises globais que afetam a população civil e violam a princípios fundamentais dos direitos humanos e regulamentações internacionais. Esta luta é essencial para garantir que os mais desfavorecidos não sejam privados dos seus direitos fundamentais.

Relação entre o Papa Francisco e a REPAM no caminho sinodal 

Padre Hughes lembrou que o processo sinodal na Amazônia, impulsionado pelo trabalho inicial da REPAM nas Igrejas locais, teve um impacto significativo não só no Sínodo Amazônico, mas também nas reuniões subsequentes, como a Assembleia Eclesial da América Latina no México em 2021 e o recente Sínodo em Roma. Este processo promove uma nova tradição de escuta, diálogo e reconhecimento mútuo, onde são coletadas as vozes e experiências dos povos amazônicos. Mais de 50% das preocupações expressas dizem respeito aos danos causados ​​pelo extrativismo, uma força destrutiva na região amazônica. Os outros 50% concentram-se em sugestões e reivindicações para uma nova prática pastoral. Desde o início, o Papa Francisco desempenhou um papel de destaque neste processo, sendo visto como um líder na Amazônia, marcando três movimentos: seu deslocamento para a Amazônia, a chegada da Igreja Amazônica a Roma e um processo que busca a universalidade. inspirados pelo Espírito Santo, promovendo um novo Pentecostes que chama a voltar às raízes e a agir no território.

O caminho, a rota da REPAM

Desde 2014, a REPAM traça o seu próprio caminho, reconhecendo a sua importância essencial ao partir da base, dos territórios e das comunidades amazónicas. O seu foco está na colaboração entre a Igreja e a sociedade civil para construir uma vida sustentável na região. A REPAM serve de instrumento para capacitar os líderes locais através da formação e da criação de vínculos históricos, nomeadamente através das Escolas. Esses esforços concentram-se na defesa dos direitos como conquistas vitais, com o objetivo de garantir a representação da Amazônia nas decisões políticas. A premissa fundamental é que sem direitos não pode haver vida e o acesso aos espaços de tomada de decisão é essencial para a sobrevivência e o progresso da região. A REPAM está no centro deste processo.

Importante e essencial 

O Padre Peter Hughes concluiu afirmando que é essencial reconhecer a estreita relação entre a dignidade humana e os direitos humanos. A Igreja, ao longo da sua história, tem enfatizado a promoção e defesa da dignidade humana como princípio fundamental, destacando o valor de cada indivíduo como filho de Deus e o cuidado da criação. No entanto, reconhece-se que a modernidade proporcionou uma perspectiva adicional ao demonstrar que a dignidade humana é reforçada pela garantia dos direitos humanos. Esta abordagem é mais precisa e valiosa, uma vez que os direitos humanos são conquistas essenciais que impedem que a dignidade humana seja apenas uma afirmação teórica. Um exemplo claro desta relação encontra-se na situação das mulheres, que, apesar de a sua dignidade ser reconhecida, muitas vezes carecem de direitos em vários contextos, sublinhando a importância da defesa dos direitos humanos para fortalecer a dignidade de todos.

Fonte e Imagens: REPAM Bolívia 

 

 

 

 

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